Montar uma carteira que gere renda mensal por meio de dividendos é um desafio, mas um levantamento feito por Einar Rivero, sócio-fundador da consultoria Elos Ayta, mostra que há papéis na B3 capazes de entregar esse fluxo contínuo. O estudo identificou nove ações que pagaram dividendos ou juros sobre capital próprio em todos os meses de dezembro de 2024 a novembro de 2025.
Dos nove papéis, sete pertencem ao setor financeiro, um ao imobiliário e outro ao segmento de calçados. Veja a relação completa e o dividend yield anual de cada ativo:
• ALO3 (Alos) – Imóveis – 7,17% ao ano
• BEES3 (Banestes ON) – Bancos – 4,76% ao ano
• BEES4 (Banestes PN) – Bancos – 4,72% ao ano
• BBDC3 (Bradesco ON) – Bancos – 10,98% ao ano
• BBDC4 (Bradesco PN) – Bancos – 10,64% ao ano
• ITUB3 (Itaú Unibanco ON) – Bancos – 10,13% ao ano
• ITUB4 (Itaú Unibanco PN) – Bancos – 8,86% ao ano
• MTRE3 (Mitre) – Incorporações – 14,50% ao ano
• VULC3 (Vulcabrás) – Calçados – 30,15% ao ano
Segundo Rodrigo Santoro, head de ações da Bradesco Asset Management, a maior parte das empresas brasileiras remunera os acionistas de forma trimestral ou semestral, concentrando valores mais robustos nos meses que sucedem a divulgação do balanço anual. Para quem busca renda todos os meses, a recomendação é combinar vários papéis e planejar os resgates, mesmo reconhecendo a dificuldade de sincronizar datas de pagamento.
O dividend yield médio das companhias listadas gira hoje em torno de 6% ao ano. A projeção de Santoro é que o patamar fique próximo de 6,5% em 2026, após superar 7% em 2025, impulsionado pela antecipação de distribuições antes da nova taxação sobre dividendos.
A partir de 2026 passa a valer imposto de 10% sobre valores que excedam R$ 50 mil por mês. Os lucros gerados até 31 de dezembro de 2025, porém, poderão ser pagos até 2028 sem incidência dessa alíquota, o que levou muitas empresas a reforçar os repasses em 2025. A XP Investimentos calcula que os anúncios extras de fim de ano possam variar de R$ 42 bilhões a R$ 85 bilhões.
Imagem: infomoney.com.br
Bruna Sene, analista de renda variável da Rico Investimentos, destaca que companhias com histórico consistente de distribuição costumam apresentar negócios maduros, fluxo de caixa previsível e menor alavancagem, fatores que reduzem surpresas para o investidor. Ela lembra, contudo, que os dividendos não são garantidos e podem oscilar conforme o resultado das empresas.
Para quem busca renda mensal, os fundos imobiliários também figuram como alternativa. Dados de Marcos Baroni, head de FIIs da Suno Research, indicam que o retorno em dividendos dos fundos que compõem o IFIX varia de 10% a 12% ao ano, equivalente a pagamentos mensais entre 0,8% e 1,0%. Nos fundos de “tijolo”, o dividend yield gira em torno de 9% ao ano, enquanto os focados em títulos do segmento, como CRIs, chegam a cerca de 12%.
A renda regular, seja em ações ou em fundos imobiliários, implica aceitar variações nos preços dos ativos e manter horizonte de longo prazo, apontam os especialistas.