São Paulo, 9 jul (X) — A recente sequência de reduções da taxa básica dos Estados Unidos voltou a colocar o refinanciamento de hipotecas no radar, mas especialistas alertam que a operação só compensa em casos específicos.
Segundo Jake Krimmel, economista sênior do Realtor.com, a decisão deve passar pelo chamado “ponto de equilíbrio”, cálculo que compara o custo de fechamento do novo empréstimo com a economia gerada pela parcela menor. “Tamanho do empréstimo, prazo restante e, principalmente, por quanto tempo o mutuário pretende ficar no imóvel são determinantes”, afirmou. A regra prática é simples: o valor das custas dividido pela economia mensal indica em quantos meses o gasto será recuperado.
Embora o Federal Reserve tenha realizado o terceiro corte consecutivo na taxa de juros, o movimento não se traduz automaticamente em hipotecas mais baratas. Os contratos acompanham de perto o rendimento do título do Tesouro de dez anos. Economistas projetam que as taxas de 30 anos recuem levemente para cerca de 6,3% no próximo ano, ante a média de 6,6% vista em 2025 — variação considerada pequena por analistas.
De acordo com Krimmel, o refinanciamento só vale a pena quando a nova taxa fica entre 0,5 e 1 ponto percentual abaixo do contrato atual. Hoje, mais de 80% dos proprietários americanos pagam juros inferiores a 6%, o que inviabiliza a troca na maioria dos casos. Na prática, apenas quem fez o financiamento a 6,65% ou mais atingiria o ponto de equilíbrio no cenário atual.
O fenômeno batizado de lock-in mantém milhões de mutuários presos a contratos assinados durante o período de juros de 3% a 4%. Para esse grupo, pequenas quedas nas taxas “são praticamente irrelevantes”, avalia o economista. Já quem comprou imóvel nos últimos dois ou três anos, quando os juros chegaram a 7% ou 8%, pode se beneficiar mesmo com recuos modestos, desde que pretenda permanecer na casa por pelo menos mais cinco anos.
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Além da taxa, o mutuário precisa considerar custo de cartório, avaliação, tarifas bancárias e eventuais impostos. Fatores como histórico de crédito, valor de entrada e pesquisa entre bancos podem pesar mais do que oscilações pontuais na política monetária, ressalta Krimmel.
Em síntese, refinanciar somente compensa quando a economia mensal supera, em prazo razoável, o desembolso inicial — condição que, na conjuntura atual, atende a uma parcela restrita de proprietários.