Autoridades de São Francisco anunciaram na segunda-feira (22) a abertura de uma investigação sobre a Waymo depois que dezenas de táxis autônomos ficaram imobilizados em cruzamentos e provocaram congestionamentos durante um apagão de várias horas no fim de semana.
O incidente levou a Waymo, controlada pela Alphabet, a suspender temporariamente toda a frota de cerca de 1.000 veículos que circula pela cidade desde 2023. A paralisação acendeu o alerta para possíveis impactos desses carros em situações de emergência, como terremotos ou grandes incêndios, quando rotas de evacuação e serviços de resgate dependem de vias desobstruídas.
“Nunca vimos uma situação em que esses Waymos paralisaram em massa pela cidade”, afirmou o supervisor Bilal Mahmood, que convocou uma audiência pública para examinar o desempenho dos veículos em cenários críticos. Segundo ele, alguns robotáxis bloquearam caminhões do Corpo de Bombeiros que tentavam chegar a uma subestação da PG&E em chamas, um dos focos do blecaute.
Jeanine Nicholson, que chefiou o Corpo de Bombeiros de São Francisco por cinco anos até 2023, disse que a falha mostra falta de preparo. “Eles não os programaram para operar sem energia, muito menos diante de escombros após um terremoto”, declarou.
Ainda não há explicação definitiva para a pane. Especialistas cogitam que a perda de sinal de celular tenha impedido a comunicação dos veículos com operadores remotos, ou que a própria Waymo tenha desligado os carros diante do grande número de semáforos apagados.
Em nota, a empresa informou que seus sistemas tratam sinais inoperantes como paradas de quatro vias, mas que “a escala do apagão levou alguns veículos a permanecer parados por mais tempo que o normal para confirmar as condições dos cruzamentos”. A Waymo acrescentou que está “integrando rapidamente as lições aprendidas”.
Imagem: veículo autônomo revolta moradores via redir.folha.com.br
Não houve registros de acidentes ou feridos. Vídeos de robotáxis parados com luzes de emergência piscando inundaram as redes sociais, alimentando críticas e comparações com o aguardado “Big One”, megaterremoto que, segundo cientistas, pode atingir a região a qualquer momento.
O prefeito interino Daniel Lurie contatou a Waymo ainda no sábado para relatar o transtorno; a empresa concordou em suspender o serviço e retomou as operações na tarde de domingo.
A Comissão de Serviços Públicos da Califórnia confirmou estar avaliando o caso. Para Matthew Wansley, professor da Escola de Direito Cardozo especializado em mobilidade autônoma, carros sem motorista costumam ser mais seguros que condutores humanos, mas apresentam riscos diferentes. “Segurança vai além de evitar colisões”, disse ele, defendendo que reguladores considerem tempestades, terremotos e falhas de energia nos parâmetros de autorização.
A Waymo opera serviços semelhantes em Los Angeles e Phoenix, além de oferecer corridas em parceria com a Uber em Atlanta e Austin, no Texas.