O interesse por planners, agendas e calendários físicos voltou a ganhar força no fim de 2024, alavancando o faturamento de papelarias e livrarias em todo o país. A demanda é puxada, sobretudo, por consumidores na faixa dos 20 e 30 anos que buscam diminuir o uso de dispositivos eletrônicos e recuperar o hábito da escrita manual.
Na Shop Figlia, fundada pela publicitária Marina Mie Murakoshi, 23 anos, o lançamento mais recente de planners atingiu metade do volume vendido em todo o ano anterior nos primeiros 12 minutos. Ao final da primeira hora, o resultado igualou o obtido no lançamento anterior.
Na papelaria Organizando a Vida, dezembro e janeiro concentram a principal temporada de vendas. Segundo a fundadora Deise Santos, 28, o faturamento cresce entre 30% e 60% nesse período. A procura começa na segunda quinzena de outubro e segue elevada até o início do ano seguinte.
Especializada em planners, a Paperview também vê pico de procura no fim do ano. De acordo com a fundadora Angela Bufarah, 55, os itens em papel conquistaram um espaço próprio, coexistindo com aplicativos de organização.
A publicitária Gabriela Brito, 27, abandonou plataformas digitais como Notion e Trello após três anos de uso para adotar um planner físico. Ela afirma que a escrita manual ajuda a recuperar criatividade e organização.
Para a terapeuta ocupacional Lívia Lilla Delduque, 24, o planner contribui para estabelecer prioridades e manter hábitos saudáveis. A engenheira civil Caroline de Jesus Rodrigues, 24, destaca a sensação de controle proporcionada pelo papel. Já a servidora pública Camille Ghedin Haliski, 46, usa ferramentas digitais no trabalho, mas mantém o planner para anotações pessoais. A estudante de direito Mayara Gisele Simões Araújo, 22, combina Google Calendário para compromissos diários e planner físico para metas de longo prazo.
Imagem: redir.folha.com.br
Nas lojas consultadas, os planners custam entre R$ 96 e R$ 329, variando conforme tamanho, número de divisões internas, possibilidades de personalização e materiais de decoração.
O movimento também alcança as livrarias. Segundo Alexandre Martins Fontes, presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL) e responsável pela rede Martins Fontes, as vendas de planners, agendas e calendários físicos triplicam em outubro em relação à média de janeiro a setembro, aumentam cinco vezes em novembro e chegam a ser dez vezes maiores em dezembro.
Há cinco anos, a rede passou a investir em papelaria e, diante da procura, estuda ampliar o portfólio de produtos analógicos, como discos de vinil, a partir do próximo ano.
Para os empresários ouvidos, o papel mantém relevância cultural e comercial, servindo como ferramenta de organização e como espaço de pausa em meio à rotina acelerada.