Iniciativas sociais atraem recursos privados e públicos para favelas de São Paulo

Organizações do terceiro setor e negócios de impacto vêm ampliando investimentos em infraestrutura e habitação em favelas da cidade de São Paulo, aproximando recursos privados e verbas públicas de territórios historicamente excluídos de serviços formais.

Fundação Tide Setubal investe no Jardim Lapenna

No Jardim Lapenna, zona leste da capital, a Fundação Tide Setubal destinou R$ 1,2 milhão à elaboração de projetos básicos para a construção de um piscinão, melhoria de ruas e calçadas e instalação de uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS). A Prefeitura de São Paulo aderiu à iniciativa, aplicando R$ 98 milhões adicionais na continuidade das obras.

Reformas habitacionais no Jardim Ibirapuera

No Jardim Ibirapuera, zona sul, o negócio de impacto Vivenda conecta famílias que vivem em casas com inadequações estruturais a empresas patrocinadoras de reformas. A seleção dos moradores contou com o apoio de uma organização social responsável por equipamento de assistência social na região.

Uma moradora beneficiada explica a dificuldade que teria para arcar com os custos sozinha: “Eu ganho um salário mínimo. Numa reforma de uma cozinha dessas, é no mínimo, mão de obra e material, de R$ 5 mil a R$ 7 mil. Eu não tenho condições”.

Parcerias com moradores e efeitos políticos

Para viabilizar as ações, as iniciativas formam alianças locais. A Vivenda recebe suporte de uma organização da sociedade civil que realiza escutas regulares com moradores do Jardim Ibirapuera. Já a Fundação Tide Setubal trabalha em conjunto com a associação de moradores do Jardim Lapenna e apoia o coletivo Guardiãs do Território, que acompanha demandas de cada rua.

Imagem: redir.folha.com.br

Lideranças comunitárias relatam mudança no cenário político local. O presidente da associação de moradores do Jardim Lapenna afirmou considerar a fundação “um ponto de referência na ação social” do bairro.

Integração entre mercado e políticas públicas

Os empreendimentos sociais sustentam que a união entre investimento privado e ação governamental favorece tanto a economia local quanto o acesso de moradores a bens e serviços formais. Segundo os responsáveis pelos projetos, o afrouxamento do “nó do mercado” aumenta a circulação de renda nas favelas, reduz impactos de enchentes e melhora o bem-estar das famílias.

As experiências nos dois bairros indicam que a combinação de capital social, recursos filantrópicos e parcerias com o poder público pode acelerar a chegada de infraestrutura básica a áreas periféricas da cidade.