O Ibovespa caminha para encerrar 2025 com ganho superior a 30%, desempenho que recoloca a renda variável na rota do investidor brasileiro e alimenta a busca por oportunidades para o próximo ano.
De acordo com o JPMorgan, a disparada não se explica somente pela entrada de capital estrangeiro, embora o saldo líquido positivo — cerca de R$ 20 bilhões — tenha revertido a retirada de mais de R$ 32 bilhões registrada em 2024. Um dos principais vetores foi o crescimento dos ETFs dedicados a mercados emergentes. No Brasil, esses fundos somaram aproximadamente US$ 3,7 bilhões em 2025, com US$ 1,8 bilhão concentrados nos maiores veículos indexados ao mercado local, o maior volume desde 2019.
Também contribuíram as recompras de ações, o reinvestimento de dividendos por fundos passivos e a redução da aversão ao risco após choques globais.
A projeção de um corte acumulado de 3,5 pontos percentuais na Selic até o fim de 2026 sustenta a expectativa de novo ciclo positivo para a Bolsa. A queda dos juros tende a deslocar recursos da renda fixa para ações, melhorar avaliações de empresas e estimular setores sensíveis ao consumo, à construção civil e a serviços. A participação de ações nos fundos locais permanece abaixo da média histórica, em torno de 7,9%, indicando espaço para novos aportes.
O JPMorgan destaca empresas vistas como bem posicionadas para capturar o novo ciclo econômico, entre elas Embraer (EMBR3), Vale (VALE3), Petrobras (PETR3), Suzano (SUZB3), Localiza (RENT3), Sabesp (SBSP3), Cyrela (CYRE3), Yduqs (YDUQ3), Hypera (HYPE3) e Allos (ALOS3).
Companhias com exposição internacional e perfil defensivo, como Nubank (NU), Millicom (TIGO), Arca Continental (ACMX), Cemex LatAm (CX), Fibra Uno (FUNO11) e Tiendas 3B (B3B), também figuram entre as preferidas.
Por outro lado, Magazine Luiza (MGLU3), BB Seguridade (BBSE3), CSN Mineração (CMIN3), Tupy (TUPY3), Adecoagro (AGRO), Cemig (CMIG4) e Azul (AZUL4) receberam recomendação neutra ou underweight por preocupações com margens, alavancagem ou competição mais acirrada.
Imagem: infomoney.com.br
Para Marcos Peixoto, sócio e portfólio manager da XP Asset, 2026 será ditado por revisão de lucros, eficiência operacional e valuation. Ele defende carteiras flexíveis, aptas a mudanças rápidas, com foco em preservação de capital e aproveitamento de oportunidades pontuais, sobretudo em exportadoras e companhias ligadas a commodities.
Jeff Mueller, co-head de Renda Fixa da Morgan Stanley Investment Management, avalia que a combinação de juros ainda elevados, crescimento global resiliente e inflação controlada favorece a renda fixa, mas também cria espaço para ações de emergentes como o Brasil. A expectativa de cortes pelo Federal Reserve ao longo de 2026 e o avanço dos investimentos em inteligência artificial nos EUA e na China reforçam a importância da diversificação.
Já Ruy Alves, sócio e gestor da Kinea, ressalta instrumentos que combinem exposição a ações e câmbio, citando ETFs globais como o EWZ. Segundo ele, a trajetória de queda dos juros locais e uma postura mais dovish do Fed devem beneficiar tanto o real quanto os ativos brasileiros.
Especialistas concordam que 2026 exigirá seleções criteriosas: empresas com geração de caixa consistente, governança sólida e participação em setores resilientes ou exportadores tendem a se destacar, enquanto companhias com desafios estruturais ou alta sensibilidade competitiva demandam cautela.