O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) divulgou nota nesta terça-feira (30) em defesa da autarquia e de seu corpo técnico, afirmando “repudiar veementemente” tentativas de envolver o Banco Central (BC) em disputas de caráter político-eleitoral ou de criar atritos institucionais com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O posicionamento ocorre no momento em que a Polícia Federal ouve o diretor de Fiscalização do BC, Ailton de Aquino, o proprietário do Banco Master, Daniel Vorcaro, e o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Paulo Henrique Costa. Os depoimentos tratam da tentativa de venda do Master ao BRB, operação que foi barrada pelo BC após a identificação de cerca de R$ 12 bilhões em carteiras de crédito inexistentes, segundo as investigações.
Inicialmente, estava prevista uma acareação entre os três envolvidos, mas o ministro Dias Toffoli, do STF, decidiu que a PF deveria colher os depoimentos separadamente para apurar eventuais contradições. O magistrado busca esclarecer diferenças nos relatos de Vorcaro, que pretendia vender o banco, da cúpula do BRB, interessada na compra, e do BC, responsável pela fiscalização das instituições financeiras.
Juristas e representantes do Banco Central questionaram a decisão, argumentando que Vorcaro e Costa são investigados, enquanto Aquino não figura como alvo do inquérito.
A atuação do Supremo também passou a ser contestada depois que veio a público um contrato de R$ 3,6 milhões entre o escritório da esposa e dos filhos do ministro Alexandre de Moraes e o Banco Master, além de viagem de Toffoli em jatinho particular ao lado do advogado de um dos investigados para a final da Copa Libertadores, no Peru.
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No comunicado, o Sinal afirma confiar “na lisura, na qualidade técnica e no compromisso público” dos servidores do BC — auditores, técnicos e procuradores — que embasam as decisões da diretoria colegiada.
O sindicato ainda vê, no episódio, uma tentativa de acelerar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Independência Financeira do Banco Central, que está em discussão no Senado e é criticada pela entidade. De acordo com o texto, o BC permanece exposto a pressões políticas, sociais e de mercado, o que reforça a importância de seus servidores estarem sujeitos às regras do regime jurídico único para garantir proteção institucional.
A nota do Sinal encerra afirmando que o Banco Central exerce “atividade típica de Estado” e que seus funcionários precisam de “tranquilidade para o exercício pleno de suas funções”.