As atas da reunião de dezembro do Federal Reserve indicam forte divergência entre os formuladores de política monetária sobre o corte de 25 pontos-base decidido no fim do ano, que reduziu a taxa básica para o intervalo de 3,5% a 3,75%.
Dois membros votantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) defenderam manter os juros inalterados, enquanto um terceiro apoiou um corte maior, de 50 pontos-base. Além disso, projeções divulgadas por seis dirigentes sugeriram oposição ao afrouxamento.
A maioria votou pelo corte alegando que a medida poderia “ajudar a estabilizar o mercado de trabalho” diante da desaceleração na criação de vagas. Parte do grupo, porém, expressou preocupação de que o avanço rumo à meta de 2% de inflação tenha perdido força.
Alguns dos que se mostraram contrários ou céticos afirmaram que a divulgação de um volume significativo de dados de emprego e preços entre as reuniões seria útil para avaliar a necessidade de novos ajustes.
Entre os dissidentes, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, e o presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, preferiam manter o nível atual. Já o governador Stephen Miran advogou por uma redução de 50 pontos-base.
O presidente do Fed, Jerome Powell, lembrou na coletiva pós-reunião que o posicionamento do comitê está mais próximo de um nível neutro e que novos cortes podem ficar suspensos, sobretudo após o shutdown de 43 dias que atrasou relatórios econômicos no fim de 2023.
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Os dados de inflação e mercado de trabalho de dezembro devem ser divulgados em 9 de janeiro e 13 de janeiro, respectivamente, após a normalização do calendário de publicações.
As atas revelam ainda que os dirigentes monitoram sinais de uma economia em formato “K”, com gasto mais robusto entre famílias de alta renda e consumo contido entre as de menor renda, pressionadas pela alta acumulada dos preços de itens essenciais.
O Fed volta a se reunir em 27 e 28 de janeiro. Segundo o CME FedWatch, a probabilidade de manutenção da taxa no intervalo atual subiu para 85%, ante 67,1% há um mês.