Cultivo de açaí e cacau avança no interior paulista com irrigação e sombreamento

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São Paulo – Produtores do interior de São Paulo vêm adaptando açaí e cacau, culturas tradicionais da Amazônia, às condições climáticas locais graças a projetos comerciais iniciados em 2021 e ao uso de irrigação e sombreamento.

Cacau entre seringueiras em Tabapuã

A Fazenda São Luiz, em Tabapuã, tornou-se referência ao combinar seringueiras e cacau. O proprietário José Celso Dias, ex-cultivador de laranja e presidente da Diase Construtora, instalou irrigação antes de migrar para o cacau em 2012, após orientação da Esalq.

Depois de visitar a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) na Bahia, Dias testou dez variedades e manteve apenas os clones CCN 51 e PS 1319, preferidos pela indústria. Para proteger as mudas do forte sol do noroeste paulista, utilizou bananeiras provisórias; hoje, 90 mil seringueiras fornecem a sombra necessária.

Açaí adaptado em Fernandópolis

A 50 km dali, em Fernandópolis, o ex-executivo da Vale Nelcindo Gonsalez cultiva a variedade BRS Pai D’Égua, desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental. O plantio cobre 12 hectares, com espaçamento de 6 x 5 metros e colheita realizada por plataforma pantográfica acoplada a trator.

Para aumentar a frutificação, o produtor instalou colmeias de Apis mellifera em área de proteção ambiental e abelhas nativas sem ferrão entre os açaizeiros. A produtividade varia de 5 a 6 toneladas por hectare, bem abaixo das 15 toneladas alcançadas no Pará, devido ao frio paulista.

Expansão incentivada pelo programa Cacau SP

Desde 2019, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) incentiva o cultivo de cacau pelo programa Cacau SP. Segundo Fernando Miqueletti, chefe da divisão da Cati em São José do Rio Preto, 119 propriedades de 66 municípios somam 500 hectares plantados, concentrados no noroeste do estado e no Vale do Ribeira.

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Imagem: redir.folha.com.br

Mesmo com resultados promissores, o analista da Cati Andrey Borges ressalta que a maioria dos projetos é recente e precisará ser acompanhada por mais tempo.

Novo investimento em Valentim Gentil

Em Valentim Gentil, o fundador da Agrovalores, Marcelo Gumiero, já investiu R$ 2 milhões após perder 70% das primeiras mudas para geadas e seca. O plano prevê 5.000 pés de açaí e 12 mil de cacau, além de uma unidade industrial de R$ 1,5 milhão para produzir chocolate e polpa de açaí sob a marca Gumkee.

Enquanto a fábrica principal não fica pronta, uma instalação menor em José Bonifácio processa cacau de produtores vizinhos. Até o fim de 2027, Gumiero pretende moer 40 toneladas de amêndoas de cacau e processar outras 40 toneladas de açaí por ano.

A irrigação constante, o sombreamento com espécies temporárias e o reforço na polinização têm sido decisivos para adaptar as duas culturas amazônicas ao clima paulista.

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