Indústrias de bebidas destiladas dos Estados Unidos monitoram de perto as conversas comerciais entre Washington, Canadá e México, que têm prazo até esta sexta-feira para alcançar novos acordos. O setor espera repetir o modelo do entendimento fechado recentemente entre Estados Unidos e União Europeia, anunciado no domingo (28) pelo presidente Donald Trump, que impôs tarifa de 15% à maioria dos produtos europeus, mas manteve as bebidas alcoólicas fora da lista.
Antes desse acerto, a União Europeia corria o risco de enfrentar tarifa de 30% a partir de 1º de agosto. Para reforçar o pacto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou compras de US$ 150 bilhões em energia norte-americana e outros US$ 600 bilhões em investimentos diversos.
“A indústria de destilados sempre prosperou sem barreiras comerciais. Defendemos tarifa zero para ambas as partes”, afirmou Chris Swonger, presidente e CEO da Distilled Spirits Council of the United States (DISCUS). Swonger viajou no sábado a Edimburgo, na Escócia, para reuniões com produtores locais e com o vice-primeiro-ministro John Swinney, que tenta manter o uísque escocês fora de qualquer nova lista de sobretaxas quando Trump retornar ao Reino Unido em setembro.
Segundo o executivo, o segmento “não contribui para o déficit comercial” do país e, portanto, “deveria ficar imune” às disputas tarifárias.
O clima de incerteza intensificou-se em março, quando províncias canadenses retiraram rótulos norte-americanos das prateleiras em resposta à tarifa de 25% que Washington impôs às importações de produtos do Canadá. Dados da DISCUS apontam perda de US$ 500 milhões em receitas no mercado canadense de destilados desde então, além de queda de 12% nas vendas totais de bebidas alcoólicas no país.
“É uma medida, digamos, pouco inteligente”, declarou Swonger, ressaltando que as lojas substituíram as marcas dos Estados Unidos por opções de menor margem, afetando a lucratividade do setor no Canadá.
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Na prática, a instabilidade atinge diretamente produtores como Heath Clark, diretor-operacional e consultor jurídico do Tennessee Distilling Group. “Temos paletes separados para Canadá e União Europeia que estão encalhados”, contou. Clark calcula que até 100 barris destinados ao mercado canadense continuam no armazém — cada barril rende cerca de 250 garrafas.
A indefinição também pressiona fornecedores. O agricultor John Halcomb, que cultiva grãos no Tennessee, relata queda de aproximadamente 30% nos negócios nos últimos meses. “Não dá para abrir e fechar a torneira do suprimento de grãos. Com 30% a menos de volume, não tenho trabalho para alguns caminhoneiros”, afirmou.
A expectativa dos produtores é que as negociações desta semana avancem e removam todas as tarifas sobre destilados, restabelecendo o fluxo de exportações norte-americanas sem novos prejuízos.
Com informações de Fox Business