O mercado de concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs) registrou 36 leilões na B3 entre janeiro e junho de 2025, alta de 80% em comparação ao mesmo período de 2024, quando ocorreram 20 disputas. Os contratos assinados totalizaram R$ 100 bilhões, dos quais R$ 70,4 bilhões correspondem a investimentos e R$ 29,6 bilhões a custos operacionais, com previsão de geração de mais de 710 mil empregos diretos e indiretos.
O segmento rodoviário liderou o semestre com nove leilões — quatro promovidos pelo governo federal, quatro pelo Estado de Mato Grosso e um por Mato Grosso do Sul. Somados, esses certames envolveram R$ 59,6 bilhões e concederam 4.403 quilômetros de estradas. O período também marcou as duas primeiras repactuações de contratos no país: CCR MSVia (BR-163/MS) e ECO101 (BR-101/ES/BA), que destravaram R$ 26,8 bilhões em novos aportes. Outro destaque foi o primeiro leilão federal de rodovia na região Norte. Excluídas as repactuações, a média foi de três proponentes por disputa, com presença de fundos e companhias estrangeiras.
Na área de saneamento, cinco leilões — dois capixabas e três paraenses — resultaram em R$ 22,2 bilhões contratados. Os projetos atenderão cerca de 5,68 milhões de pessoas em 142 municípios e devem criar mais de 255 mil empregos.
No setor portuário, quatro concessões somaram R$ 2,2 bilhões em investimentos e custos operacionais, além de R$ 857 milhões em outorgas, abrangendo 133 mil metros quadrados. Já as concessões florestais, novidade na B3, movimentaram R$ 290 milhões e cobriram mais de 4,5 milhões de metros quadrados, com previsão de benefícios sociais a comunidades em áreas vulneráveis.
No petróleo, a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) realizou o maior leilão de sua história ao vender 74,5 milhões de barris pertencentes à União nos campos de Mero, Búzios, Itapu e Sépia, com entregas previstas para 2025 e 2026. A arrecadação alcançou R$ 28 bilhões, superando a expectativa inicial de R$ 25 bilhões.
Em mobilidade, o governo paulista concedeu as linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM. Os contratos preveem R$ 14,3 bilhões em investimentos e custos operacionais, 124 quilômetros de trilhos modernizados e pico estimado de 1,3 milhão de passageiros diários, beneficiando 4,6 milhões de moradores da Grande São Paulo.
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Iluminação pública em Joinville (SC) e Maranguape (CE), expansão de fibra óptica em Goiás, construção do novo Centro Administrativo de Maceió (AL) e a concessão do Complexo Esportivo Serra Dourada (GO) completam a lista de leilões, trazendo mais de R$ 1,3 bilhão em investimentos potenciais.
Diante dos resultados, o advogado Mauricio Portugal Ribeiro, especialista em infraestrutura, avalia que o país precisará de instrumentos de contratação mais sofisticados para projetos greenfield de maior complexidade. Ele cita o diálogo competitivo — previsto na Lei nº 14.133/2021 e amplamente usado nos Estados Unidos, Canadá e Europa — como ferramenta adequada para aprimorar a interação entre setor público e iniciativa privada antes da publicação do edital.
Segundo Ribeiro, o economista Paul Milgrom, Nobel de Economia, chamou atenção para o uso uniforme de modelos de leilão no Brasil. Para o acadêmico, ajustar o formato ao tipo de ativo e ao mercado é essencial, reforçando a importância do diálogo competitivo na próxima fase do Programa Brasileiro de Participação Privada em Infraestrutura.
Com informações de Folha de S.Paulo