Big techs recorrem a usinas nucleares antigas para suprir demanda de energia da inteligência artificial

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A corrida por eletricidade para operar centros de dados de inteligência artificial levou gigantes de tecnologia como Microsoft, Amazon e Meta a firmar contratos bilionários com usinas nucleares construídas há décadas nos Estados Unidos. Ao apostar nesses reatores, as companhias garantem fornecimento constante de energia livre de carbono, mas despertam críticas de consumidores e ambientalistas que temem aumento nas tarifas e maior uso de combustíveis fósseis em outras regiões.

Negócios de longo prazo

A Meta assinou acordo de 20 anos com um reator em Illinois. A Microsoft fechou contrato para religar um reator vizinho ao da Three Mile Island, na Pensilvânia, parcialmente derretido em 1979. Já a Amazon garantiu, em abril, a eletricidade de uma usina de 42 anos no rio Susquehanna, também na Pensilvânia.

Segundo executivos do setor nuclear, as big techs buscam sobretudo cerca de duas dezenas de usinas em mercados não regulados — quase metade dos 54 reatores ainda ativos no país — que podem vender energia ao maior ofertante.

Preocupação com a conta de luz

Organizações de defesa do consumidor alertam que redirecionar eletricidade nuclear para data centers pode pressionar a rede e encarecer a conta de luz de residências e pequenas empresas. Jackson Morris, do Natural Resources Defense Council, afirma que as empresas “se blindam de seu próprio impacto”, mantendo metas climáticas sem lidar com os efeitos sobre outros usuários.

Autoridades de Maryland estudam restringir o uso de terreno vizinho à usina de Calvert Cliffs para data centers. Relatório da comissão reguladora local aponta risco de desestabilização do sistema caso parte da produção nuclear seja desviada.

Empresas de energia veem oportunidade

A PSEG, de Nova Jersey, negocia vendas diretas de grandes volumes de energia de seu complexo Artificial Island a companhias de tecnologia. O presidente da empresa, Ralph LaRossa, disse que pedidos de conexão de data centers saltaram 16 vezes em um ano, chegando a 6,4 GW — potência suficiente para abastecer milhões de casas.

A Constellation Energy, dona integral ou parcial de 13 usinas, prepara terrenos próximos aos reatores Byron (Illinois) e Calvert Cliffs (Maryland) para receber futuros centros de dados e prevê novos contratos longos na Pensilvânia e em Nova York. A Vistra, no Texas, conversa com big techs sobre a usina de Comanche Peak e instalações em Ohio e Pensilvânia.

Reatores desativados podem voltar

Projetos abandonados também viraram alvo. Entre eles estão o V.C. Summer, na Carolina do Sul — obra paralisada em 2017 após US$ 9 bilhões gastos — e o Duane Arnold, em Iowa, fechado em 2020 por danos climáticos. A NextEra, dona majoritária do reator de Iowa, avalia religá-lo diante de propostas que, segundo analistas do Goldman Sachs, chegam a pagar o dobro da tarifa de mercado por contratos de 20 anos.

Big techs recorrem a usinas nucleares antigas para suprir demanda de energia da inteligência artificial - Imagem do artigo original

Imagem: Bill Gates inicia obras de usina nuclear via redir.folha.com.br

Além de reativar plantas, operadores pretendem elevar a potência de reatores existentes, o que pode adicionar energia equivalente a três novas unidades de grande porte.

Acordos contestados

No Meio-Atlântico, a Amazon refez seu contrato com a Talen após reguladores federais barrar o desvio direto de energia nuclear para data centers sem pagamento de taxas de transmissão. A nova versão inclui o custo de uso da rede, mas retira parcela considerável da oferta regional num momento de alta de demanda por IA, veículos elétricos e ar-condicionado, ressalta a ex-comissária da agência federal de energia Allison Clements.

Para representantes do setor nuclear, a solução é construir novas usinas, não limitar contratos. Já críticos afirmam que compromissos de zero emissão das big techs esbarram no risco de mais gás e carvão serem acionados para suprir a população.

Enquanto o debate avança, empresas de tecnologia seguem vasculhando o país em busca de reatores capazes de alimentar seus ambiciosos projetos de inteligência artificial.

Com informações de Folha de S.Paulo

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