A Assembleia Legislativa de El Salvador aprovou, na noite de terça-feira (data não informada no texto original), um pacote de cinco emendas constitucionais que permite a reeleição presidencial sem limite de mandatos. As mudanças foram aprovadas por 57 votos a favor e 3 contra, com apoio majoritário do partido governista Nuevas Ideas e legendas aliadas, e abrem caminho para o presidente Nayib Bukele permanecer no cargo além do atual período.
Entre os principais pontos, o projeto:
A deputada governista Ana Figueroa propôs antecipar em dois anos o fim do mandato de Bukele para alinhar o calendário presidencial ao legislativo. Caso a sugestão seja ratificada, o atual período terminaria em 1º de junho de 2027, e não em 1º de junho de 2029. Segundo Figueroa, a unificação das votações e o fim dos segundos turnos podem economizar “milhões de dólares” aos cofres públicos. Ela citou que cada pleito de desempate custa cerca de US$ 50 milhões — valor que, afirmou, poderia ser destinado à construção de um hospital e de mais escolas.
A deputada Marcela Villatoro, da Aliança Republicana Nacionalista (Arena), votou contra as emendas e classificou a decisão como “a morte da democracia” salvadorenha. Para ela, a reeleição ilimitada concentra poder, estimula corrupção, nepotismo e enfraquece a participação política.
Já a primeira vice-presidente da Assembleia, Suecy Callejas, também do Nuevas Ideas, defendeu o pacote: “O poder voltou para o único lugar a que realmente pertence — o povo salvadorenho”, declarou.
Apesar das preocupações de entidades de direitos humanos — que apontam prisões de advogados críticos ao governo — Bukele mantém forte aprovação interna. Pesquisa do Laboratório de Opinião Pública da Universidade de El Salvador indica que 78% aprovam sua gestão no primeiro ano do segundo mandato. Levantamento do Iudop-UCA atribuiu nota 8,15 (numa escala de 0 a 10) ao presidente pelo desempenho no sexto ano no poder.
Imagem: Trader Iniciante 2 (14)
As alterações constitucionais ocorrem enquanto o país enfrenta escrutínio externo por sua estratégia com o Bitcoin (BTC). Relatório recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que El Salvador não comprou novos BTC desde o acordo de empréstimo de US$ 1,4 bilhão, firmado em dezembro de 2024. A versão contradiz o Escritório Bitcoin estatal, que garante a aquisição diária de 1 BTC. Documento de 16 de junho indica compra adicional de 240 BTC após o pacto com o FMI. Atualmente, o governo deteria 6.255,18 BTC, aumento de 31 moedas nos últimos 30 dias.
Além disso, o país assinou memorando de entendimento com o maior banco da Bolívia para apoiar a infraestrutura cripto boliviana e aprimorar políticas no setor.
Com a promulgação das emendas, El Salvador reconfigura suas regras eleitorais e amplia os poderes do Executivo, em meio a um cenário de forte apoio popular e questionamentos sobre o futuro da democracia no país.
Com informações de Cointelegraph