Washington (EUA) – O representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, declarou que o governo americano estabeleceu “as bases de uma nova ordem comercial global” ao trocar regras multilaterais da Organização Mundial do Comércio (OMC) por uma estratégia de tarifas e negociações bilaterais.
Segundo Greer, o movimento ganhou impulso na semana passada, quando o presidente Donald Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, selaram em Turnberry, na Escócia, um pacto descrito como “justo, equilibrado e focado em interesses nacionais concretos”.
Greer argumenta que o modelo anterior, criado após Bretton Woods e consolidado na OMC em 1994, sacrificou empregos industriais nos EUA, favoreceu economias que mantiveram mercados fechados e teve como “maior vencedor” a China.
Em 2 de abril, Trump anunciou tarifas para enfrentar o déficit comercial americano, abrindo uma série de rodadas bilaterais em Washington, Genebra, Ilha Jeju, Paris, Londres, Estocolmo e Turnberry. “Nossos parceiros nunca mostraram tanto interesse em abrir seus mercados”, afirmou o representante.
Exemplos citados por ele:
Os novos acordos incluem metas de combate ao trabalho forçado, atualização de normas trabalhistas e reforço da fiscalização ambiental em setores como madeira, pesca e vida selvagem. Países que descumprirem os compromissos estarão sujeitos à reimposição rápida de tarifas mais altas.
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Greer informou que parte dos pactos prevê aportes produtivos nos Estados Unidos, como US$ 600 bilhões da União Europeia e US$ 350 bilhões da Coreia do Sul — valores que, segundo ele, superam em dez vezes o Plano Marshall ajustado pela inflação.
Além da União Europeia, Reino Unido, Camboja, Indonésia, Japão, Malásia, Paquistão, Filipinas, Coreia do Sul, Tailândia e Vietnã já fecharam ou negociam termos semelhantes, cobrindo “quase 40% do comércio dos EUA”, de acordo com o Escritório do Representante de Comércio.
Greer concluiu que a “Rodada Trump” busca reindustrializar os Estados Unidos após décadas de desindustrialização, substituindo a exigência de consenso da OMC por acordos que podem ser fiscalizados diretamente por Washington.