Brasília – O Ministério da Fazenda apresentou nesta quarta-feira (13) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um anteprojeto que cria a Superintendência de Mercados Digitais no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para regular a atuação de grandes plataformas online.
A proposta, discutida no Palácio do Planalto, segue diretrizes divulgadas pela pasta em outubro do ano passado com o objetivo de coibir práticas predatórias contra empresas nacionais. Inspirado no modelo alemão, o texto estabelece obrigações específicas para proteger e promover a concorrência nos mercados digitais.
Serão enquadrados grupos econômicos com faturamento bruto anual global superior a R$ 50 bilhões ou receita acima de R$ 5 bilhões no Brasil. O governo estima que entre cinco e sete companhias em operação no país se enquadrem nesse critério.
A nova estrutura dentro do Cade poderá impor obrigações especiais às plataformas, definir agentes econômicos de relevância sistêmica e instaurar processos administrativos. As decisões serão tomadas de forma colegiada.
O anteprojeto proíbe ações que favoreçam produtos ou serviços próprios em detrimento dos concorrentes e a vinculação de um item à aquisição de outro (venda casada).
A regulamentação combina a abordagem norte-americana, de análise posterior de casos, com a europeia, que já impôs regras diretas a sete gigantes globais: Alphabet, Amazon, Apple, Booking, ByteDance (TikTok), Meta e Microsoft.
A discussão ganhou impulso após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifa de 50% sobre importações brasileiras, medida que o governo atribui à ampliação das obrigações das plataformas pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Marco Civil da Internet.
Imagem: redir.folha.com.br
Após a reunião, Lula afirmou que enviará o texto ao Congresso Nacional após diálogo com a sociedade: “Para estar no Brasil, tem que ser regulada”, disse, referindo-se às big techs.
Estiveram presentes os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Esther Dweck (Gestão), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Secom), Ricardo Lewandowski (Justiça), Jorge Messias (AGU), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Vinicius Carvalho (CGU).
O Ministério da Justiça também apresentou minuta que trata de publicidade, remuneração de influenciadores e acesso de crianças e adolescentes às redes sociais, além de transformar a Autoridade Nacional de Proteção de Dados em agência reguladora. Ainda não há consenso sobre esse texto.
Para responder à repercussão do vídeo do influenciador Felca sobre “adultização” infantil, o governo avalia apoiar o projeto de lei do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já aprovado no Senado e em análise na Câmara sob relatoria do deputado Jadyel Alencar (Republicanos-PI).