Greve de comissários da Air Canada paralisa voos e afeta 130 mil passageiros

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Toronto – Uma greve iniciada pelos comissários de bordo da Air Canada na madrugada deste sábado, pouco depois da 1h (horário do Leste dos EUA), levou à suspensão da maioria dos 700 voos diários da companhia e deixou cerca de 130 mil passageiros sem transporte.

A paralisação atinge os principais aeroportos canadenses, onde funcionários sindicalizados formaram piquetes em busca de melhores salários e condições de trabalho. A Air Canada opera aproximadamente 430 voos diários para os Estados Unidos, dentro de um total superior a 1.000 decolagens, segundo o portal Travel and Tour World. Ainda não há estimativa de quantos viajantes norte-americanos foram impactados.

Reivindicações do sindicato

Representados pelo Sindicato Canadense dos Empregados Públicos (CUPE), mais de 10 mil comissários afirmam receber remuneração apenas enquanto a aeronave se movimenta, sem pagamento pelo período em solo dedicado ao embarque, desembarque e tempo de espera entre voos. A categoria exige remuneração integral por essas horas.

Wesley Lesosky, presidente do componente da Air Canada no CUPE, disse em entrevista, em Toronto, que não havia negociações agendadas na manhã de sábado, apesar de meses de conversas intermitentes.

Proposta da empresa

Em comunicado, a Air Canada informou ter apresentado pacote que elevaria a remuneração total em 38% ao longo de quatro anos. A companhia calcula que, no primeiro ano, a tarifa horária poderia alcançar 94 dólares canadenses (US$ 69), resultado de um aumento de 12% a 16% — 8% sobre o salário-base e até 8% adicionais por uma nova fórmula de pagamento em solo.

Segundo a empresa, comissários seniores deverão ganhar, em média, 87 mil dólares canadenses (US$ 63 mil) anuais até 2027, e cerca de 20% alcançariam 90 mil dólares canadenses (US$ 65,7 mil) ou mais. A Air Canada sustenta que sua proposta tornaria os funcionários os mais bem pagos do país e que eles já recebem até 17 dólares canadenses por hora a mais que a principal concorrente nacional. O sindicato, contudo, destaca que a companhia oferece apenas 50% do salário para as atividades em solo, abaixo do pleito de 100%.

Imagem: Michael Dorgan FOXBusiness via foxbusiness.com

Orientações aos passageiros

A empresa aconselhou clientes afetados a não se dirigirem aos aeroportos, a menos que possuam bilhetes confirmados por outra companhia ou pela subsidiária Air Canada Rouge. Passageiros com viagens próximas poderão remarcar sem custo adicional ou solicitar crédito futuro, enquanto a transportadora seguirá informando sobre novos cancelamentos.

Interferência governamental

A Air Canada solicitou ação do governo federal, liderado pelo primeiro-ministro Mark Carney, mas o CUPE prefere uma solução negociada, argumentando que a arbitragem obrigatória reduziria a pressão sobre a empresa.

Com operações em mais de 180 aeroportos em seis continentes, a Air Canada reiterou estar “engajada e comprometida” em renovar o acordo coletivo com o sindicato e lamentou os transtornos causados aos viajantes.