São Paulo, 10 jul. 2024 – As exigências de capital definidas pelo Comitê de Basileia para Supervisão Bancária (BCBS) impõem custos que desestimulam as instituições financeiras a oferecer serviços ligados a criptoativos, avaliou Chris Perkins, presidente da gestora de investimentos CoinFund.
Em entrevista ao Cointelegraph, Perkins afirmou que as regras reduzem o retorno sobre o patrimônio (ROE) dos bancos ao obrigar reservas maiores para operações com criptomoedas. “É um tipo diferente de ponto de estrangulamento: não é direto. Torna-se tão caro que o banco decide não atuar”, disse.
Segundo o executivo, caso disponham de um determinado volume de capital, os bancos tendem a alocar recursos em negócios de ROE mais elevado. A consequência, argumenta Perkins, é o encarecimento das atividades relacionadas a criptoativos e o consequente esfriamento desse mercado dentro do sistema financeiro tradicional.
Em abril, o presidente da CoinFund já havia criticado o Banco de Compensações Internacionais (BIS), que organiza as reuniões do BCBS, por sugerir a aplicação de requisitos de conheça-se-seu-cliente (KYC) e outras normas do sistema bancário tradicional a protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) e stablecoins. Para Perkins, tais propostas ferem o princípio de redes sem permissão e não abordam o real risco sistêmico: a assimetria entre mercados cripto, que funcionam sem interrupção, e a infraestrutura financeira convencional, que fecha à noite e nos fins de semana.
O BIS mantém posição cautelosa em relação às criptomoedas. Em abril, a instituição divulgou relatório alertando que o crescimento desse mercado pode desestabilizar o sistema financeiro e ampliar a desigualdade de riqueza, recomendando regulamentação mais rígida.
Imagem: Imagem destacada – Renda fixa: XP exibe CDBs de até 14,90% e LCAs de até 12,43% nesta sexta-feira (8)
Em junho, novo documento – “Stablecoin Growth: Policy Challenges and Approaches” – concluiu que stablecoins “falham como dinheiro” e podem gerar riscos sistêmicos. O texto destacou a expansão do uso transfronteiriço desses ativos e a maior interconexão com as finanças tradicionais, fatores que, segundo o BIS, ampliam a possibilidade de contágio.
O banco internacional tem reiteradamente defendido a adoção de moedas digitais de banco central (CBDCs) e outras tecnologias centralizadas como alternativa às criptomoedas emitidas de forma privada.