O dólar iniciou a sessão desta quinta-feira (21) em alta moderada, refletindo a cautela dos investidores antes do simpósio econômico de Jackson Hole, nos Estados Unidos, e os desdobramentos de uma decisão do Supremo Tribunal Federal.
Às 9h05, a moeda norte-americana era negociada a R$ 5,4872, avanço de 0,26%. Na véspera, o câmbio havia recuado 0,51%, encerrando a R$ 5,471. O Ibovespa fechou o pregão anterior com ganho de 0,17%, aos 134.666 pontos.
No Brasil, o mercado ainda avalia a decisão do ministro Flávio Dino, do STF, que determinou que ordens judiciais ou executivas de governos estrangeiros só têm validade no país após confirmação da Corte. A interpretação atinge, de forma indireta, as sanções impostas ao ministro Alexandre de Moraes sob a Lei Magnitsky, aplicadas em julho pelo governo Donald Trump.
Instituições financeiras temem sofrer penalidades caso cumpram as restrições norte-americanas. Essa incerteza levou o setor bancário a perder cerca de R$ 41,3 bilhões em valor de mercado na terça-feira (20). Na quarta-feira, houve recuperação parcial: Santander avançou 2%, Banco do Brasil 0,5%, Bradesco 0,36% e Itaú 0,16%.
Os investidores acompanham o início, na sexta-feira (22), do simpósio de Jackson Hole, organizado pelo Federal Reserve. O discurso do presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, é o ponto alto do evento e pode indicar o rumo da política monetária norte-americana.
De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, o mercado atribui 83% de probabilidade a um corte de 0,25 ponto percentual na reunião do Fed de setembro, enquanto 17% projetam manutenção da faixa atual de 4,25% a 4,50% ao ano.
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A perspectiva de redução dos juros nos EUA favorece o real, já que a taxa Selic permanece em nível elevado no Brasil, mantendo o diferencial de rendimentos a favor da moeda brasileira.
Divulgada na quarta-feira, a ata da reunião de julho mostrou que apenas os diretores Michelle Bowman e Christopher Waller defenderam corte imediato de 0,25 ponto percentual. Os demais integrantes preferiram aguardar sinais mais claros de controle da inflação, ainda pressionada pelas tarifas comerciais adotadas pelo governo Trump.
O pronunciamento de Powell pode ser o último antes do fim de seu mandato, em maio. O mercado tentará captar indícios sobre qual lado do debate interno ele irá apoiar.
Além do Fed, permanecem no radar as negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, especialmente após Washington anunciar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e associar a medida a críticas ao Supremo.