Vale quer que minério de ferro de alto teor seja incluído em programa federal de minerais estratégicos

Mercado Financeiro3 dias atrás11 pontos de vista

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A Vale busca convencer o governo Luiz Inácio Lula da Silva a classificar o minério de ferro de alta pureza (acima de 63% de teor) como material estratégico para a transição energética, o que permitiria à companhia disputar incentivos em elaboração pelo Executivo.

Segundo interlocutores ouvidos, o plano federal prevê, entre outras medidas, a criação de uma linha de crédito do BNDES e a autorização para que empresas do setor emitam debêntures incentivadas.

No cenário internacional, o ferro raramente figura como mineral crítico. No Brasil, contudo, uma resolução do Ministério de Minas e Energia de 2021 o incluiu na categoria 3 —bens essenciais ao superávit comercial—, ao lado de alumínio, cobre, grafita, ouro, manganês, nióbio e urânio.

Integrantes do governo afirmam que o pacote se destina a destravar gargalos de cadeias menos consolidadas, em contraste com o minério de ferro, cuja produção alcançou 327 milhões de toneladas em 2024. No mesmo ano, o produto foi o terceiro item mais exportado pelo país, gerando US$ 26 bilhões —atrás apenas de petróleo (US$ 45 bilhões) e soja (US$ 43 bilhões).

A Vale sustenta que o minério de alto grau é crucial para a descarbonização, por ser amplamente empregado em torres eólicas e linhas de transmissão e por possibilitar redução de emissões na siderurgia. A empresa desenvolveu, ao longo de quase duas décadas, o briquete de minério de ferro, que pode ser transformado em Hot Briquetted Iron (HBI) com hidrogênio verde, praticamente zerando o CO₂ do processo de produção de aço.

O HBI elimina a etapa de sinterização, que exige aquecimento de até 1.350 °C e é intensiva em carbono. A mineradora planeja construir e operar fábricas do insumo.

Em 2024, a Vale assinou memorando de entendimentos com a espanhola Hydnum Steel para avaliar a instalação de uma planta de briquetes, com início de operação previsto para 2026.

O pedido já foi levado a representantes do governo. Paralelamente, a companhia pretende ampliar sua presença em outros minerais críticos por meio da controlada Vale Base Metals, criada há menos de três anos e que tem entre os acionistas a saudita Manara Minerals.

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Imagem: redir.folha.com.br

O Executivo federal argumenta que cadeias de minerais críticos —lítio, grafita, níquel, entre outros— demandam etapas complexas de refino, processamento químico e integração com indústrias de alta tecnologia, exigindo maior investimento em inovação e parcerias. A transição energética, dizem técnicos, multiplicará a procura por esses insumos.

Estimativas oficiais apontam que, nos próximos 20 anos, a mineração de lítio precisará crescer 40 vezes; a de grafita, 25 vezes; e a de cobre, duas vezes, para atender à demanda global. O governo vê possibilidade de o Brasil se tornar fornecedor relevante.

Lista brasileira de minerais estratégicos

Categoria 1 – produtos dos quais o país depende de importação para setores vitais: enxofre, fosfato, potássio e molibdênio.

Categoria 2 – bens ligados à alta tecnologia: cobalto, cobre, estanho, grafita, grupo da platina, lítio, nióbio, níquel, silício, tálio, tântalo, terras raras, titânio, tungstênio, urânio e vanádio.

Categoria 3 – minerais com vantagens comparativas e relevância para o superávit comercial: alumínio, cobre, ferro, grafita, ouro, manganês, nióbio e urânio.

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