A derrota do governo na escolha do comando da CPI do INSS provocou desânimo na base aliada e levou dois senadores próximos ao Palácio do Planalto a considerarem a saída do colegiado. Eduardo Braga, líder do MDB, e Renan Calheiros (MDB-AL) indicaram nos bastidores que pretendem abrir mão de suas vagas.
A eleição ocorreu na quarta-feira (20). O acordo costurado previamente por líderes do Congresso previa a presidência do senador Omar Aziz (PSD-AM) e a relatoria do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), ambos próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Contudo, Aziz foi derrotado pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), que nomeou Alfredo Gaspar (União-AL) relator, entregando o controle da comissão à oposição.
Segundo congressistas ouvidos, a perda de espaço tornou “insustentável” a permanência de Braga e Renan. Os dois devem comunicar nos próximos dias à bancada do MDB a intenção de deixar a CPI, que terá de indicar novos representantes.
Com a eventual saída de ambos, a força política do grupo governista tende a diminuir. Além deles, o Planalto havia escalado outros nomes de peso para proteger a gestão: Omar Aziz, Cid Gomes (PSB-CE) e Rogério Carvalho (PT-SE).
Logo após a derrota, aliados de Lula reuniram-se no Palácio do Planalto com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Na saída, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), assumiu a responsabilidade pelo revés, mas afirmou que os governistas mantêm maioria para aprovar ou barrar requerimentos de convocações e quebras de sigilo.
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A oposição, contudo, calcula uma margem apertada. Como bolsonaristas e lulistas ocupam o mesmo bloco formal na Câmara, suplentes de direita podem substituir titulares governistas ausentes nas votações.
Parlamentares de direita já apresentaram pedidos para ouvir e quebrar o sigilo bancário de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão de Lula e vice-presidente do Sindnapi, entidade citada no escândalo de descontos ilegais em benefícios do INSS. As primeiras deliberações da CPI são aguardadas para a próxima semana.