Rio de Janeiro – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) detalhou nesta sexta-feira (22) o Plano Brasil Soberano, pacote de socorro voltado a companhias impactadas pela tarifa extra de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A principal linha do programa, de até R$ 30 bilhões, oferecerá crédito subsidiado exclusivamente a empresas cujo faturamento caiu mais de 5% com a interrupção das exportações.
As operações destinadas às empresas mais atingidas terão juros entre 0,66% e 0,82% ao ano, prazo de cinco anos e carência de 12 meses. Para receber os recursos, a companhia deverá manter o quadro de funcionários observado na média dos 12 meses anteriores a junho de 2025. A exigência permite uma folga de quatro meses no início do contrato, mas a média de empregados precisará ser restabelecida entre o quinto e o 12º mês do financiamento.
Além da linha principal, o BNDES anunciou:
Micro e pequenas empresas também terão acesso a garantias específicas para facilitar a tomada dos empréstimos.
O Plano Brasil Soberano inclui ainda o adiamento de tributos federais, maior ressarcimento de créditos tributários e uma reformulação das garantias às exportações para apoiar a busca de novos mercados.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, informou que as primeiras aprovações de crédito estão previstas para 15 de setembro, após o banco receber a lista de empresas elegíveis. Ele recomendou que as companhias afetadas procurem seus bancos de relacionamento desde já, a fim de agilizar o processo.
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Mercadante explicou que o modelo de socorro foi inspirado nas ações emergenciais adotadas pelo banco durante as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em abril e maio de 2024.
Indústrias madeireira, calçadista e de armamentos, que registram queda nas vendas externas, têm recorrido a férias coletivas na tentativa de conter custos à espera do apoio oficial para evitar demissões em massa.
Na quarta-feira (20), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSD) afirmou que o Brasil continuará negociando com Washington para reverter a taxação. Segundo ele, o país é um dos poucos do G20 – ao lado de Reino Unido e Austrália – que apresentam superávit comercial em favor dos Estados Unidos, o que, na avaliação do governo, torna a tarifa injustificada.