“Os Primeiros Investimentos de Buffett”, obra do jornalista Brett Gardner, chega às livrarias brasileiras em 30 de agosto pela Alta Books e destrincha como Warren Buffett, hoje com 94 anos, construiu sua reputação entre as décadas de 1950 e 1960.
Para reconstituir o período, Gardner vasculhou relatórios corporativos, jornais e livros arquivados em bibliotecas dos Estados Unidos. O resultado é a análise de dez negócios fechados pelo investidor antes de transformar a antiga fabricante têxtil Berkshire Hathaway em uma companhia avaliada em mais de US$ 1 trilhão.
No início dos anos 1950, enquanto estudava na Universidade Columbia, em Nova York, Buffett tentava aplicar a metodologia de Benjamin Graham, autor de “O Investidor Inteligente”. A devoção era tamanha que ele se ofereceu para estagiar gratuitamente na Graham-Newman Corp., mas não foi aceito — a empresa priorizava judeus como forma de combater a discriminação pós-Segunda Guerra.
Após trabalhar na corretora de seu pai, a Buffett-Falk, o jovem conseguiu, em 1954, atuar ao lado do mentor. Nessa fase, especializou-se em comprar ações classificadas como “bitucas de charuto” — companhias cujos papéis valiam menos que o patrimônio contábil — e, sempre que possível, pressionava a gestão para reduzir a distância entre preço de mercado e valor real.
“Se você compra uma ação por um valor suficientemente baixo, quase sempre haverá um contratempo que permitirá vendê-la com lucro”, escreveu Buffett em carta a investidores em 1989, trecho reproduzido pelo livro.
Na década seguinte, já em sociedade com Charlie Munger e influenciado por Philip Fisher, Buffett ampliou o apetite por operações complexas. Um exemplo foi a aquisição de 11,2% da canadense BC Power durante uma intervenção do governo da Colúmbia Britânica, esperando ganhar com a arbitragem após a conclusão do processo.
Entre 1963 e 1964, comprou ações da American Express em meio ao chamado “escândalo do óleo de salada”, que abalou a confiança do mercado. Aos 33 anos, reforçou posição quando o preço despencou e sugeriu ao então presidente Howard Clark uma estratégia de comunicação focada nos resultados positivos de outras áreas do grupo.
Imagem: redir.folha.com.br
Outra história relatada por Gardner mostra Buffett visitando, em 1965, um pátio ferroviário em Kansas para contar vagões-tanque da Studebaker. O objetivo era estimar a demanda pelo aditivo STP, principal fonte de lucro da empresa, antes de decidir se entraria no capital.
O livro também descreve a compra de 5% da Walt Disney Pictures após o sucesso de “Mary Poppins”. Adquiridos a US$ 43, os papéis foram vendidos com ganho de 55% diante da incerteza sobre o futuro da companhia após a morte de Walt Disney.
Nem todas as operações renderam. A rede de lojas Hochschild Kohn & Co, em Baltimore, perdeu competitividade diante do avanço dos descontos e da queda de consumo local. Buffett declarou o negócio como um dos “erros dos primeiros 25 anos” em sua carta de 1989.
Lançamento: 30 de agosto
Preço: R$ 62,90
Páginas: 208
Autor: Brett Gardner
Editora: Alta Books
Tradução: Carol Colffield