O Ibovespa encerrou a sessão desta terça-feira, 26 de agosto de 2025, com queda de 0,18%, aos 137.771 pontos, apesar de um cenário que, em tese, favoreceria a tomada de risco no mercado brasileiro.
O primeiro catalisador do dia foi o IPCA-15 de agosto. O índice registrou deflação de 0,14%, menor do que a retração de 0,2% projetada, frustrando expectativas de aceleração no corte da Selic. Analistas destacaram a contribuição limitada do bônus de Itaipu na conta de luz e a persistência da pressão sobre serviços, indicando desaceleração inflacionária ainda irregular.
“A leitura reforça a necessidade de cautela. Há espaço para redução de juros à frente, mas sem pressa”, avaliou José Áureo Viana, planejador financeiro da Blue3 Investimentos. Para Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, o dado quebra a sequência recente de surpresas positivas e pode diminuir o ritmo de revisões para as projeções de inflação de 2025.
No mercado de Depósitos Interfinanceiros (DI), os contratos mais longos refletiram o ajuste de expectativas. A taxa para janeiro de 2027 passou de 13,92% para 13,98% ao ano. O vencimento para janeiro de 2029 avançou de 13,20% para 13,25%, enquanto o contrato para janeiro de 2036 subiu de 13,77% para 13,78% ao ano.
No exterior, investidores reagiram a novas investidas do presidente Donald Trump sobre o Federal Reserve, elevando a percepção de interferência política na política monetária norte-americana. Os rendimentos dos Treasuries recuaram nos curtos prazos, mas subiram nos papéis longos, sugerindo preocupação com a trajetória da inflação nos Estados Unidos.
Ainda assim, Wall Street manteve o foco na divulgação do balanço da Nvidia, prevista para quarta-feira, e o fluxo de capitais não migrou para emergentes como o Brasil.
O dólar comercial subiu 0,34% frente ao real, encerrando a R$ 5,43. A divisa ganhou força localmente mesmo com recuo global, influenciada pela correção no preço do petróleo, que também pesou sobre ações ligadas a commodities. Na semana, a moeda acumula alta de 0,15%, mas ainda recua quase 3% em agosto e 12,07% no ano.
Dos 84 papéis que compõem o Ibovespa, 46 caíram. Entre as maiores altas apareceram Minerva ON (+3,13%), Pão de Açúcar ON (+3,12%) e Vibra ON (+3,11%). No lado oposto, MRV ON (-3,43%), Raízen PN (-2,86%) e Yduqs ON (-2,45%) lideraram as perdas.
O volume financeiro somou R$ 16 bilhões, próximo da média diária dos últimos 12 meses, de R$ 16,4 bilhões.