Companhias de jatos executivos, cruzeiros e redes hoteleiras de alto padrão passaram a aceitar criptomoedas diante do aumento da demanda de clientes que lucraram com a recente disparada do bitcoin.
A FXAIR, controlada pela Flexjet, admite pagamentos em ativos digitais após notar procura “tremenda” de jovens endinheirados, afirmou o presidente da Flexjet, Kenn Ricci. Um voo entre o aeroporto de Farnborough, próximo a Londres, e Nova York custa cerca de US$ 80 mil (mais de R$ 586 mil).
Ricci relatou “crescimento significativo” nas reservas feitas nos últimos meses por “jovens empreendedores do universo do bitcoin que voam mais longe e desejam aeronaves maiores”. Segundo ele, o principal atrativo é economizar tempo, “o luxo mais precioso”.
Nas últimas semanas, o bitcoin alcançou o recorde de US$ 124 mil (mais de R$ 909 mil), movimento atribuído ao apoio do presidente dos EUA, Donald Trump, que prometeu transformar o país na “capital mundial das criptomoedas”. O Congresso aprovou legislação favorável ao setor, e reguladores simpáticos às moedas digitais foram nomeados pelo governo. Paralelamente, ações de empresas como Coinbase e Circle renovaram máximas históricas.
Segundo Paul Charles, diretor-executivo da consultoria de viagens de luxo PC Agency, quem viu o valor dos criptoativos disparar tem destinado recursos a jatos particulares, hotéis cinco-estrelas e cruzeiros premium. “Há uma geração mais jovem desesperada para viajar e evitar a monotonia”, disse.
A Virgin Voyages passou a vender seu passe anual de US$ 120 mil (cerca de R$ 880 mil) em criptomoedas. Já o SeaDream Yacht Club, operador de dois super-iates com proporção quase de um tripulante por hóspede, começou a aceitar bitcoin logo após o início do segundo mandato de Trump.
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Grupos de hotéis boutique, como o The Kessler Collection (EUA) e o The Pavilions Hotels and Resorts (Hong Kong), também recebem pagamentos em dogecoin, litecoin, ethereum e outros tokens.
Estudo da McKinsey aponta que viajantes entre 30 e 40 anos desembolsaram US$ 28 bilhões (mais de R$ 205 bilhões) em viagens de luxo em 2023. A expectativa é que o valor atinja US$ 54 bilhões (quase R$ 396 bilhões) em 2028.
Nick Fazioli, chefe de aeroespacial comercial do banco de investimento Jefferies, observa que esses grupos “não querem beber champanhe e comer caviar”, mas sim otimizar o tempo. “Empreendedores de bitcoin e tecnologia têm recursos praticamente infinitos; o que falta é tempo”, afirmou. Para eles, jatos privados permitem “estar em três cidades no mesmo dia e ainda voltar para casa à noite”.