Com o retorno dos juros em torno de 15% ao ano e a inflação ainda elevada, a renda fixa continua ocupando espaço central nas carteiras dos brasileiros. No segundo trimestre, 100,2 milhões de CPFs possuíam alguma aplicação nessa classe, alta de 20% em relação ao mesmo período de 2024, segundo a B3. Na renda variável, o número de investidores é de 5,4 milhões.
Para setembro, bancos e corretoras mantêm a preferência por títulos pós-fixados ao CDI e pelos papéis indexados à inflação, mas o movimento de antecipar parte da carteira para prefixados começa a ganhar força.
Itaú BBA recomenda Tesouro Selic e CDBs DI com prazos de até dois anos, destacando o carrego elevado e a pouca visibilidade sobre cortes de juros no curto prazo.
XP Investimentos também indica exposição acima do nível neutro aos papéis atrelados ao CDI, a fim de capturar o rendimento ainda alto.
BTG Pactual, por outro lado, está abaixo do neutro nessa categoria. A instituição lembra que, historicamente, o CDI costuma entregar o pior desempenho nos 12 meses que antecedem um ciclo de afrouxamento monetário.
Com taxas consideradas historicamente elevadas — na quarta-feira, alguns papéis pagavam IPCA + 8,2% —, os títulos indexados ao índice de preços seguem em destaque.
BTG Pactual aumentou a exposição à subclasse, avaliando que os vértices médios e longos da curva real oferecem prêmios interessantes.
Itaú BBA mantém preferência por papéis com vencimento a partir de cinco anos para capturar a trajetória de desinflação e, simultaneamente, proteger contra riscos inflacionários.
XP Investimentos reforça a utilidade dos IPCA+ como escudo em cenários de incertezas, enquanto o Inter avalia que a janela atual é oportuna para quem busca construção de patrimônio com segurança.
A expectativa de queda da Selic nos próximos anos leva parte do mercado a travar taxas elevadas agora.
BTG Pactual afirma monitorar a categoria há meses e, diante dos sinais de desaceleração econômica e ambiente externo mais favorável, aumenta a convicção em prazos mais longos.
Itaú BBA considera atraentes os títulos de aproximadamente três anos, que recompuseram as taxas vistas em junho. A instituição, contudo, alerta para a sensibilidade desses papéis a revisões na expectativa da Selic terminal.
XP Investimentos adota postura mais prudente. Para a casa, ainda é prematuro ampliar a fatia de prefixados, mas indica alternativas em crédito privado.
Imagem: essa razão via infomoney.com.br
Pós-fixados
Tesouro Selic 2028 (Selic + 0,05%) – Itaú BBA e XP
Atrelados ao IPCA
Tesouro IPCA+ 2040 (7,32%) – Itaú BBA
NTN-B 2030 e 2033 (7,4%) – XP
Prefixados
Tesouro Prefixado 2028 (13,33%) – Itaú BBA
Itaú BBA
Debênture Neoenergia (NEOE16): IPCA + 7,2%, vencimento 15/06/2029
Debênture Prio (PEJA22): IPCA + 7,8%, vencimento 15/02/2034
Debênture Sabesp (SBSPF3): IPCA + 6,6%, vencimento 15/01/2040
XP Investimentos
CDB Banco C6: 13,7% prefixado, vencimento 25/08/2027
Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD) BNDES: 92% do CDI, vencimento 05/12/2029
Debênture Eletronorte (ELTN17): 12,7% prefixado, vencimento 15/07/2032
Debênture Origem Energia (ORIG22): 15,40% prefixado, vencimento 15/12/2035
CRI Guardian Atacadão: IPCA + 7,9%, vencimento 15/12/2037
CRA BRF: IPCA + 7,3%, vencimento 15/12/2035
As porcentagens referem-se apenas à parcela de renda fixa nas carteiras recomendadas:
Perfil conservador
Pós-fixado: 70,0%
Inflação: 15,0%
Prefixado: 2,5%
Perfil moderado
Pós-fixado: 35,0%
Inflação: 25,0%
Prefixado: 7,5%
Perfil arrojado
Pós-fixado: 15,0%
Inflação: 30,0%
Prefixado: 5,0%
As recomendações variam conforme o apetite a risco de cada investidor, mas, de forma geral, as casas sugerem que entre metade e quase toda a carteira esteja em renda fixa doméstica.