São Paulo – Fundada em 2017 por Yuri Gricheno e Carol Matsuse, ambos de 34 anos, a Insider prevê encerrar 2025 com faturamento de R$ 600 milhões mantendo 100% do capital nas mãos do casal. A empresa, criada com investimento inicial de R$ 100 mil (R$ 50 mil de cada sócio), nunca recebeu aportes externos e opera em regime de bootstrapping.
“Contamos apenas com o caixa da própria companhia para crescer”, afirma Gricheno. Segundo o professor Tales Andreassi, da FGV-Eaesp, a estratégia é comum entre empreendedores que preferem expansão mais lenta a fim de preservar o controle do negócio.
No início, a Insider fabricava apenas undershirts – peças usadas sob a camisa social – e, por isso, não despertava interesse de fundos de venture capital, então focados em startups de software. Ainda assim, o risco era alto: se a operação fracassasse, os sócios planejavam liquidar o estoque ao preço de custo.
A virada veio com dois lançamentos. Durante a pandemia de Covid-19, a marca colocou no mercado máscaras antibacterianas. Depois, apresentou a “tech t-shirt”, feita com fios de celulose de madeira, anunciada como antiodor e capaz de desamassar no corpo. Vendida a partir de R$ 129, a peça sustenta a proposta de minimalismo e alta qualidade defendida pela empresa.
O crescimento também se apoia em patrocínios a criadores de conteúdo. A Insider aparece em canais de perfis variados, de Rodrigo Góes, voltado ao fisiculturismo, à crítica de cinema Isabela Boscov, além do podcast Flow. A professora Ana Julia Buttner, da ESPM, avalia que a combinação de influenciadores grandes e pequenos aumenta a confiança do público.
Em 2022, a parceria com o Flow foi temporariamente suspensa após declarações do então apresentador Monark em defesa da criação de um partido nazista. O contrato foi retomado posteriormente, e a empresa afirma ter reforçado a checagem de perfis e convidados.
Imagem: redir.folha.com.br
Atualmente, 95% das vendas ocorrem pelo site da marca, que não possui lojas físicas. A equipe soma cerca de 200 colaboradores. O catálogo já inclui camisas, calças, moletons, saias e vestidos, mas o CEO diz manter ritmo cauteloso de lançamentos: “É impossível fazer dez coisas excepcionais ao mesmo tempo”.
O faturamento de 2024 superou R$ 400 milhões. Questionado sobre a entrada de investidores, Gricheno não descarta a hipótese, mas afirma que não há tratativas em andamento.
Com a expansão gradual do portfólio e a continuidade da estratégia de marketing digital, a Insider pretende alcançar a meta de R$ 600 milhões em receita neste ano.