Brasília – A advogada Fernanda Garibaldi, diretora-executiva da Zetta, afirmou que o Banco Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) precisam de mais estrutura para identificar e punir companhias que usam o sistema financeiro para atividades ilícitas.
Em entrevista, Garibaldi disse considerar “equivocado” colocar fintechs sérias no mesmo grupo de empresas de fachada investigadas pela Operação Carbono Oculto, deflagrada para desarticular a lavagem de dinheiro do crime organizado.
Segundo a diretora, empresas legítimas do setor são reguladas e supervisionadas. “Essas organizações criminosas apenas se apropriaram do termo fintech”, declarou.
Garibaldi destacou que a digitalização tornou pagamentos, crédito, seguros e investimentos mais interligados, exigindo fiscalização com visão sistêmica. Para ela, ampliar orçamento, pessoal técnico e ferramentas tecnológicas dos reguladores é fundamental.
A executiva elogiou as ações anunciadas recentemente pelo BC, entre elas:
“O objetivo é garantir segurança sem perder a competição nem punir empresas idôneas”, afirmou.
Imagem: redir.folha.com.br
De acordo com Garibaldi, 90% das 32 associadas da Zetta são reguladas. Ela ressaltou que a expansão de bancos digitais e contas gratuitas ajudou a reduzir o índice de adultos sem conta bancária de 29% em janeiro de 2020 para 18% em 2023, impulsionando o uso do Pix.
A diretora alertou que crimes cibernéticos tendem a aumentar caso órgãos como BC, CVM e Coaf não recebam reforços para compartilhar dados e rastrear transações suspeitas em um ambiente cada vez mais apoiado em inteligência artificial.
Fernanda Garibaldi, 37, é mestre e doutora em Direito pela Universidade de São Paulo, pesquisadora visitante da Columbia Law School e autora do livro “Sistema de Pagamentos Brasileiro: regulação e concorrência”. Atualmente integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República.