São Paulo, 8 de setembro de 2025 – O Ibovespa encerrou esta segunda-feira em baixa de 0,6%, aos 141.792 pontos, movimento atribuído à realização de lucros depois da máxima histórica registrada na semana passada. No mês, o principal índice da B3 acumula leve alta de 0,26%, enquanto, no ano, já avança 17,9%.
A agenda econômica esvaziada desta semana direciona a atenção dos investidores para o cenário político. A derrota do presidente argentino Javier Milei nas eleições legislativas de Buenos Aires, considerada o maior revés desde o início de seu mandato, acendeu um sinal de alerta na Faria Lima. Gestores veem o resultado como indicativo de que o eleitorado regional pode não se deslocar tão facilmente para a direita, contrariando parte das apostas para a eleição presidencial brasileira de 2026.
Segundo gestores, a guinada peronista na Argentina reflete a baixa tolerância da população às medidas de ajuste fiscal adotadas por Milei para conter a inflação. Caso essa leitura se propague para o Brasil, candidatos tendem a apresentar propostas mais moderadas de controle de gastos e reforma fiscal – temas considerados prioritários pelo mercado.
Nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI), a taxa para janeiro de 2027 recuou de 13,93% para 13,92% ao ano. Os vencimentos de médio prazo (janeiro de 2029) passaram de 13,19% para 13,18%, enquanto os de longo prazo (janeiro de 2036) caíram de 13,73% para 13,68%, sinalizando preocupação persistente com o risco fiscal brasileiro.
O movimento de correção atingiu 63 dos 84 papéis da nova carteira do Ibovespa. O volume negociado somou R$ 12 bilhões, 26% abaixo da média diária dos últimos 12 meses (R$ 16,3 bilhões). Analistas apontam que, sem avanço consistente na agenda fiscal, o potencial de valorização das ações pode ficar limitado, mesmo com a perspectiva de queda da Selic.
Imagem: Gage Skidmore via valorinveste.globo.com
Os investidores aguardam a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto na quarta-feira e acompanham o andamento do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por suposta tentativa de golpe de Estado. Ambos os eventos podem influenciar a percepção de risco no curto prazo.
O dólar comercial terminou praticamente estável, com alta de 0,07%, cotado a R$ 5,42. No acumulado de setembro, a divisa recua 0,09% e, desde janeiro, registra queda de 12,35% frente ao real.
Com o ambiente político ganhando protagonismo e a perspectiva de desaceleração da economia norte-americana, operadores avaliam que a postura de cautela deve prevalecer nas próximas sessões.