As tarifas aplicadas pelos Estados Unidos à carne bovina brasileira devem redefinir o fluxo de comércio entre os dois países nos próximos meses, segundo relatório trimestral do Rabobank. O banco afirma que o nível de estoques norte-americanos formados com embarques recordes do Brasil será decisivo para a necessidade de novas compras ainda neste segundo semestre.
A análise ocorre em meio a valores históricos para o boi gordo e para a carne ao consumidor. De acordo com o Rabobank, os preços seguem firmes tanto no hemisfério Norte quanto no Sul, impulsionados pela menor oferta nos EUA e pelo aumento da demanda chinesa. O cenário internacional vem elevando também as cotações nos países sul-americanos.
Mesmo com a continuidade das importações, o Rabobank projeta recuo de 10 mil a 15 mil toneladas mensais de carne brasileira enviadas aos EUA até dezembro. Dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) mostram que, em agosto, os embarques recuaram para 9.382 t, 48,5% abaixo das 18,2 mil t de julho. A entidade estima que as remessas possam cair para cerca de 5 mil t por mês no restante do ano.
Com o chamado “tarifaço”, a Abiec calcula perda de receita entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões em 2025. No primeiro semestre, o Brasil exportou 200 mil t aos EUA e previa encerrar o ano entre 400 mil t e 500 mil t; a redução nos últimos quatro meses pode retirar US$ 750 milhões do faturamento. Parte desse volume deve ser redirecionada a outros mercados, possivelmente a preços menores.
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Apesar das restrições, a associação mantém expectativa de alta de 12% no volume total exportado pelo Brasil em 2025, com avanço de 16% na receita. A produção nacional deve permanecer próxima de 11,8 milhões de toneladas registradas em 2024, podendo oscilar levemente para cima ou para baixo.