WASHINGTON — A juíza federal Jia Cobb emitiu nesta terça-feira (9) uma ordem liminar que impede, por ora, a tentativa do presidente Donald Trump de demitir Lisa Cook do Conselho de Governadores do Federal Reserve.
O bloqueio temporário representa o primeiro revés da Casa Branca em uma disputa inédita sobre os limites da independência do banco central norte-americano. O mérito da ação — se alegações de fraude hipotecária anteriores à posse de Cook configuram “justa causa” para a remoção — ainda será analisado.
• Quem: Lisa Cook, economista e primeira mulher negra no conselho do Fed, nomeada em 2022.
• O que: Casa Branca tenta destituí-la sob acusação de ter fornecido informações falsas em pedidos de financiamento de três imóveis.
• Quando: Trump anunciou a intenção de dispensá-la em 30 de agosto; decisão judicial foi emitida em 9 de setembro de 2025.
• Onde: Tribunal Distrital de Washington.
• Por quê: Governo alega “justa causa”; Cook nega irregularidades e diz que motivos são políticos.
A liminar mantém Cook no cargo enquanto o processo avança. O governo sustenta ter ampla discricionariedade para definir o que é “justa causa”, argumento que poderá chegar à Suprema Corte. Especialistas veem impacto direto na capacidade do Fed de definir juros sem interferência política.
Trump vem cobrando cortes mais agressivos nas taxas e critica publicamente o presidente do banco central, Jerome Powell. O Fed reúne-se nos dias 16 e 17 de setembro e deve decidir se reduz novamente os juros.
Quase 600 economistas publicaram carta em defesa de Cook e da autonomia do Fed. Paralelamente, o Departamento de Justiça abriu investigação criminal sobre as acusações de fraude hipotecária.
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Cook afirma que “jamais cometeu fraude” e que, mesmo que houvesse irregularidades, elas ocorreram antes de sua confirmação pelo Senado, não podendo justificar a demissão.
A lei que criou o Fed determina que governadores só podem ser afastados “por justa causa”, sem detalhar critérios nem procedimento. Nenhum presidente havia tentado remover um integrante do conselho, tornando o caso um teste sem precedentes para a legislação.
A decisão de Jia Cobb mantém o status quo enquanto a controvérsia segue na Justiça.