Vinland Capital reforça crédito estruturado e cria novo fundo após fechar veículo maduro de infraestrutura

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São Paulo – Diante das incertezas sobre a tributação de ativos e do forte fluxo de recursos para produtos isentos, a Vinland Capital reposicionou sua carteira e passou a privilegiar operações de crédito estruturado e fundos híbridos de infraestrutura.

Movimento motivado por mudança fiscal

Em participação no podcast Outliers, do InfoMoney, os sócios José Monforte e Jean-Pierre Cotegio afirmaram que as propostas em discussão acrescentam uma camada extra de impostos tanto a ativos que já pagam tributo quanto aos que hoje são isentos. “Temos mais dúvidas do que certezas”, disse Monforte, destacando que a corrida para antecipar impactos fiscais elevou as captações em fundos isentos desde o início de 2024.

Fechamento de fundo maduro e criação de réplica

Para proteger cotistas, a gestora encerrou o principal fundo de infraestrutura, considerado maduro, e lançou outro veículo com características idênticas. O novo produto terá prazo de até dois anos para se adequar às regras, enquanto o fundo antigo passa por um processo de depuração de passivos e carteira em busca de oportunidades.

No veículo encerrado, o spread sobre NTN-B encolheu de 130–140 basis points (bps) nos últimos dois anos para cerca de 75 bps. “O ganho foi expressivo, mas cada ativo passou a agregar menos”, explicou Monforte. A estratégia adotada envolve segurar passivos em fundos isentos e intensificar a gestão ativa.

Seleção criteriosa e caixa elevado

Segundo Cotegio, além da qualidade de crédito, o preço tornou-se determinante. “Há papéis com duração de cinco a dez anos; qualquer variação de spread pesa mais do que em um fundo atrelado ao CDI”, afirmou.

Desde o meio de 2023, a casa mantém entre 20% e 30% em caixa para respeitar níveis de preço e aguardar momentos mais favoráveis. Parte desses recursos é destinada a operações seniores de crédito estruturado, que, mesmo com liquidez de D30 ou D10, ainda apresentam retorno atrativo.

Fundo híbrido e estratégia D180

O destaque recente é um fundo híbrido de infraestrutura que combina dois books — crédito e risco de mercado — resultando em um multimercado de crédito isento e de baixa volatilidade, capaz de defender spreads em eventuais aberturas.

Imagem: infomoney.com.br

Outro produto ressaltado é o fundo D180, voltado a crédito estruturado em FDICs, CRIs, CRAs e títulos corporativos. Conforme Monforte, a estratégia pode gerar até 350 bps adicionais de retorno em comparação a veículos com liquidez D30.

Novo lançamento e perspectivas até 2026

A gestora também colocou no mercado o Vinland 2 Renda Fixativa, que une isenção fiscal à exposição ao mercado de juros, oferecendo duas verticais de retorno para aumentar a resiliência da carteira quando o prêmio sobre o CDI em infraestrutura está menos evidente.

Para o horizonte de 2026, a Vinland vê potencial em projetos incentivados de infraestrutura nos segmentos de energia elétrica, petróleo e gás, fibra óptica e telecomunicações. Monforte avalia que há excesso de demanda, mas aposta em uma “correção virtuosa” com expansão da oferta e menor pressão de entrada de recursos.

Estrutura interna e demanda de investidores

Com 43 profissionais dedicados a crédito — incluindo back office e área comercial —, a Vinland reforça a estratégia multiproduto, aliando risco de mercado, crédito e ações. “Trazer a visão macro para dentro do caldeirão de crédito permite movimentos táticos impossíveis há cinco anos”, afirmou Monforte.

Do lado dos investidores, Cotegio observa aumento na procura por diversificação em multimercados e bolsa, após período de subalocação nesses segmentos. Para ele, a combinação de NTN-B com juros elevados e ações ainda baratas, complementada por produtos de crédito, contribui para carteiras mais equilibradas.