O token de privacidade Monero (XMR) valorizou-se 7,4% poucas horas depois de sua blockchain sofrer uma reorganização (reorg) de 18 blocos, ocorrida no domingo, que desfez cerca de 117 transações e reacendeu dúvidas sobre a segurança da rede.
A reorg teve início no bloco 3.499.659, às 5h12 UTC de domingo, e terminou 43 minutos mais tarde, no bloco 3.499.676. Operadores de nós da rede divulgaram registros de console confirmando o episódio.
A investida foi atribuída à equipe da Qubic, blockchain de primeira camada focada em IA que, ao operar um pool de mineração, concentrou mais de 51% do poder de hash de Monero. Em agosto, o mesmo grupo já havia provocado uma reorganização de seis blocos.
Durante a reorganização, o preço de XMR permaneceu praticamente estável. Cerca de oito horas depois, porém, o ativo saltou de US$ 287,54 para US$ 308,55, segundo dados da CoinGecko, contrariando a queda de cerca de 1% observada no mercado cripto no mesmo dia.
O pesquisador Rucknium confirmou o incidente no GitHub e avalia que operadores de nós devem passar a usar checkpoints de DNS — mecanismo em que os nós buscam blocos confiáveis em servidores da comunidade — para evitar novas reorgs. O recurso, contudo, aumenta a dependência de pontos centrais.
O podcaster conhecido como xenu foi um dos primeiros a relatar o ataque e sugeriu que a Qubic tentava conter a pressão vendedora sobre XMR. Já o analista Vini Barbosa afirmou nas redes sociais que deixará de aceitar a criptomoeda em pagamentos “até que a situação seja resolvida”.
Yu Xian, fundador da empresa de segurança SlowMist, alertou no X (antigo Twitter) que, sem uma solução definitiva, “a espada de Dâmocles” continuará pairando sobre a rede.
Imagem: Trader Iniciante 2 (15)
Nos últimos anos, a comunidade examinou alternativas para blindar a blockchain contra ataques de 51%, incluindo:
Até agora, nenhuma das propostas foi adotada e a Qubic mantém influência significativa sobre o hashrate de Monero.
A rede conta com um bloqueio de 10 blocos para proteger transações contra reorganizações, mas o incidente de domingo ultrapassou esse limite. Ainda assim, desde que surgiram relatos da concentração de poder de mineração da Qubic, em 28 de julho, XMR recuou apenas 5,85%.
O caso reforça o debate sobre a necessidade de ajustes no mecanismo de consenso para garantir a integridade da rede sem comprometer o princípio de descentralização que sustenta o projeto.