Representantes do Partido Democrata enviaram uma carta ao secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, solicitando que a administração Trump pressione Pequim a frear a capacidade industrial chinesa nas negociações comerciais que ocorrem em Madri.
Bessent integra a delegação norte-americana que se reúne na capital espanhola com o vice-premiê chinês He Lifeng. A nova rodada de encontros, iniciada no domingo (14) e prevista para continuar nesta segunda-feira (15), discute temas de segurança nacional e o futuro do TikTok, da ByteDance, que enfrenta prazo para firmar acordo e manter operações nos EUA.
No documento, obtido pela Reuters, democratas defendem que qualquer acerto comercial inclua contrapartidas vinculativas que reduzam o volume de bens manufaturados chineses destinados ao exterior. Eles argumentam que a superprodução estrutural da China prejudica empregos, indústria e estabilidade de mercados internacionais, citando os setores de aço e painéis solares como exemplos.
O texto recomenda ao governo dos EUA trabalhar em conjunto com aliados afetados para formular uma resposta internacional ao excesso de oferta e adotar uma abordagem “mais equilibrada” em relação às tarifas, instrumento amplamente utilizado por Donald Trump.
China e Estados Unidos tentam transformar a trégua tarifária de 90 dias, estendida no mês passado, em acordo duradouro que aborde temas como o déficit comercial americano, o combate ao fentanil e a propriedade do TikTok.
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Além de Bessent, participam das conversas o representante de Comércio, Jamieson Greer, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick. Os departamentos do Tesouro e do Comércio não comentaram o teor da carta.
O posicionamento democrata retoma argumentos já defendidos pelo governo Biden, especialmente pela ex-secretária do Tesouro Janet Yellen, mas é visto como pouco provável de alterar a postura da Casa Branca sob Trump. Ainda assim, a iniciativa evidencia uma rara convergência bipartidária em Washington sobre a necessidade de conter a capacidade industrial chinesa.
Autoridades também avaliam que as reuniões em Madri podem preparar terreno para um possível encontro entre Donald Trump e Xi Jinping em outubro, durante cúpula prevista na Coreia do Sul.