PEQUIM, — A Administração Estatal para Regulação de Mercado da China (SAMR) informou que uma investigação preliminar concluiu que a Nvidia violou a lei antimonopólio do país ao adquirir a fabricante israelense de equipamentos de rede Mellanox Technologies por US$ 7 bilhões, transação concluída em 2020.
Segundo o órgão, o inquérito segue em andamento e ainda não há definição sobre possíveis sanções. A compra havia sido aprovada por Pequim sob a condição de que a Nvidia mantivesse o fornecimento de chips ao mercado chinês.
Desde 2022, o governo dos Estados Unidos proíbe Nvidia e outros fornecedores norte-americanos de vender seus chips de inteligência artificial mais avançados à China. A restrição obrigou a empresa a interromper o envio desses componentes, movimento que, segundo advogados especializados em concorrência, sustenta a alegação chinesa de quebra do compromisso firmado em 2020 de tratar clientes locais de forma igualitária.
A revelação da SAMR ocorreu poucas horas antes de o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciar em Madri que negociadores dos dois países chegaram a um acordo-quadro sobre o futuro do TikTok, após dois dias de reuniões. O prazo final para um entendimento sobre o aplicativo expirava nesta quarta-feira.
As ações da Nvidia recuaram cerca de 1% nas negociações da manhã. A companhia não se pronunciou sobre o comunicado do regulador chinês.
Em julho, o então presidente Donald Trump permitiu que a Nvidia retomasse as vendas do chip H20, voltado a aplicações de inferência em IA, após ter suspendido a exportação em abril. Logo depois, Pequim impôs uma revisão de segurança cibernética e determinou que empresas locais adiassem compras do componente até a conclusão da análise.
Imagem: Raffaele Huang The Wall Street Journal via foxbusiness.com
A Nvidia afirma que seus produtos não contêm rastreadores remotos nem “backdoors”. A empresa e seus clientes na China aguardam aval de Washington para comercializar um chip de IA mais avançado que o H20, tema que deve voltar às mesas de negociação entre os dois governos.
A China ainda não produz em escala chips tão potentes quanto os da Nvidia, em parte por restrições norte-americanas ao fornecimento de equipamentos de litografia avançada. Mesmo assim, companhias locais avançam em soluções próprias: a Huawei já abastece centros de dados de IA com semicondutores desenvolvidos internamente, enquanto Alibaba e Baidu ampliam o uso de componentes nacionais.
Pequim intensificou o financiamento ao setor de chips desde o primeiro mandato de Trump, mirando autossuficiência de longo prazo, embora continue buscando acesso às tecnologias mais recentes dos Estados Unidos e de aliados para manter a competitividade de suas empresas.