Nova York / Cidade do México – A produção global de petróleo e gás está caindo mais rápido do que o previsto, aponta relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). O estudo, que avaliou 15 mil campos, conclui que a dependência crescente de reservatórios de xisto — que exigem perfuração constante — torna a manutenção dos volumes extraídos cada vez mais cara. Segundo a IEA, a indústria desembolsa aproximadamente US$ 500 bilhões (R$ 2,7 trilhões) por ano apenas para conter o declínio dos campos em operação.
Enquanto o setor enfrenta esse cenário, o empresário mexicano Carlos Slim acelera sua expansão em energia. Nas últimas semanas, o Grupo Carso obteve uma concessão de 30 anos para desenvolver energia geotérmica em Celaya, Guanajuato, reforçando um portfólio que já inclui campos de óleo e gás, gasodutos e participações em plataformas da estatal Pemex.
A administração da presidente Claudia Sheinbaum estabelece como objetivos acrescentar 22 GW à capacidade de geração elétrica até 2030 e viabilizar novos reservatórios capazes de produzir até 450 mil barris diários de petróleo. Investidores ainda aguardam detalhes regulatórios, mas Slim já ocupa espaço relevante graças à abertura do mercado iniciada há cerca de uma década.
“Slim só avança quando enxerga rentabilidade”, afirma o consultor Ramses Pech, lembrando que o grupo começou prestando serviços à indústria e, gradualmente, assumiu operações diretas.
Entre os empreendimentos mais relevantes que contam com a participação do bilionário estão:
A infraestrutura energética mexicana demanda aportes significativos após anos de restrições à iniciativa privada impostas pelo ex-presidente Andrés Manuel López Obrador. Hoje, a Pemex carrega dívida próxima de US$ 100 bilhões (R$ 530 bilhões) e o país sofre apagões locais em horários de pico.
Sheinbaum, engenheira de energia, sinaliza maior abertura ao capital privado e incentivo às renováveis, mas encara limitações de orçamento e a manutenção de parte da estrutura estatal. Projetos de lei que definem novos contratos público-privados e regras para o setor elétrico ainda estão em discussão.
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Nos Estados Unidos, a Exxon Mobil recebeu aval da Comissão de Valores Mobiliários (SEC) para lançar um sistema automatizado que permite a acionistas de varejo replicar o voto do conselho nas assembleias. A companhia argumenta que a medida fortalece a “democracia acionária”, enquanto o grupo ativista Follow This critica a iniciativa por, segundo ele, reduzir o espaço de propostas dissidentes.
Em paralelo, o ex-presidente Donald Trump sugeriu que empresas americanas divulguem resultados apenas duas vezes por ano, em vez de trimestralmente, proposta ainda em avaliação por investidores.
Mesmo após perder posições para executivos de tecnologia, Slim permanece na 19ª colocação da lista da Forbes, com patrimônio estimado em US$ 102,8 bilhões (R$ 545,14 bilhões). Além dos ativos no México, o Grupo Carso opera contratos de transporte de gás com a estatal CFE e controla duas hidrelétricas no Panamá. O empresário também manifesta interesse em hidrogênio verde e considera a energia solar cada vez mais competitiva.
A Pemex promete anunciar novos contratos de exploração ainda este mês, e a imprensa local aponta o conglomerado de Slim como um dos principais candidatos. Procurado, o Grupo Carso não comentou.