O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, nesta quarta-feira (17), manter a taxa Selic em 15% ao ano, repetindo a postura adotada na reunião de julho. A manutenção já era antecipada pelo mercado, que agora volta as atenções para o início do ciclo de cortes.
Para Andressa Bergamo, sócia da AVG Capital, o Tesouro Selic segue como escolha principal para prazos mais curtos. Em aplicações de dois a três anos, ela prefere o Tesouro Prefixado, enquanto o Tesouro IPCA+ é indicado para horizontes longos. Gabriel Santos, da Bloxs, reforça a importância de manter títulos atrelados à inflação para preservar o poder de compra, mesmo em cenário de juros altos.
Com spreads comprimidos, a análise de risco de emissores ganha relevância, observa Otávio Faria, da Eleven. Vitor Duarte, diretor de investimentos da Suno Asset, sugere priorizar CRIs e CRAs de grandes companhias, além de LCIs e LCAs cobertas pelo FGC. A SulAmérica Investimentos, segundo a CIO Daniela Gamboa, tem optado por papéis de baixa e média duração para reduzir a exposição a eventuais aberturas de taxa.
Apesar dos juros elevados, o Ibovespa mantém perspectiva de valorização, de acordo com Leonardo Santana, da Top Gain, que alerta para possíveis realizações de lucro. Régis Chinchila, da Terra Investimentos, recomenda ações de perfil defensivo, como Sabesp (SBSP3), Eletrobras (ELET6) e Vivo (VIVT3). No setor financeiro, Itaú e Santander (SANB11) são destacados pelo forte histórico de dividendos. Para quem busca mais risco, varejo e construção civil ainda podem oferecer potencial, avalia Gabriel Santos. Raphael Figueredo, da XP, ressalta a importância do stock picking dentro dos setores.
Com a Selic elevada, FIIs de tijolo e hedge funds imobiliários sentem maior pressão, aponta Marcelo Aoki, da Catálise, enquanto os fundos de papel, atrelados ao CDI ou à inflação, tendem a elevar rendimentos no curto prazo. Marcos Baroni, da Suno Research, acredita que o impacto imediato do juro à vista é limitado, já que os FIIs acompanham mais a curva futura de juros. Um sinal claro de cortes entre o fim deste ano e o início do próximo poderia aumentar o otimismo, especialmente para os fundos de tijolo.
Marcel Andrade, da SulAmérica Investimentos, e Ian Lima, da Inter Asset, defendem manter posição robusta em renda fixa, mesmo com expectativa de cortes suaves em 2025. Lima destaca papéis IPCA+ com juro real próximo de 7,5% em vencimentos de dez anos, enquanto Andrade vê maior benefício nos prefixados antes do início da flexibilização monetária. Para os dois, uma carteira equilibrada entre renda fixa (incluindo títulos privados e públicos) e renda variável antecipa o cenário de desinflação. Fundos multimercados permanecem recomendados pela flexibilidade para ajustar posições em períodos de incerteza.
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A diversificação internacional continua relevante, segundo Felipe Chad, da 3P Capital, que lembra haver setores globais — como tecnologia, saúde e inteligência artificial — ausentes na Bolsa brasileira. Pedro Ferroni, da Quartzo Capital, comenta que possíveis novos cortes de juros nos Estados Unidos, caso confirmados, favorecem especialmente o segmento de tecnologia e podem impulsionar o S&P 500.
Diego Correia, da XP, sugere destinar no mínimo 15% do patrimônio financeiro a ativos fora do país. Dentro dessa parcela, a orientação é aplicar 55% em renda fixa internacional (42% em Treasuries e 13% em títulos corporativos) e 40% em renda variável — sendo 60% desse montante em ações americanas.
Embora a Selic permaneça em nível elevado, a construção de um portfólio diversificado, com atenção ao crédito, prazos e exposição global, segue como principal recomendação dos especialistas após a decisão do Copom.