São Paulo – O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apresentou, nesta sexta-feira (19), uma nova denúncia contra o ex-auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, acusado de comandar um esquema de corrupção dentro da Secretaria da Fazenda paulista (Sefaz-SP) para liberar de forma irregular créditos de ICMS-ST à varejista Fast Shop.
Segundo a Promotoria, o grupo recebeu R$ 383,6 milhões em propina entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024 para acelerar e inflar pedidos de ressarcimento de créditos fiscais.
Além de Silva Neto, a nova peça acusatória inclui:
Todos respondem por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e outros crimes. A denúncia soma-se a processos já em andamento e pode aumentar eventuais penas.
De acordo com a investigação, a Fast Shop teria repassado a propina em 38 transferências bancárias para a Smart Tax, empresa registrada em nome da mãe do auditor. Embora apresentada como consultoria tributária, a companhia não prestou serviços à varejista.
Para mascarar a origem dos valores, o grupo emitiu sete notas fiscais frias que totalizaram R$ 967.882.227,00, caracterizando lavagem de dinheiro, afirma o MP-SP.
Entre fevereiro de 2023 e dezembro de 2024, mais de R$ 5,1 milhões foram transferidos a Francisco de Carvalho Neto para a compra de imóveis avaliados em R$ 1,4 milhão, que pertenceriam, na prática, a Silva Neto e à mãe.
O diretor estatutário da Fast Shop, Mário Otávio Gomes, não foi denunciado porque firmou acordo com o Ministério Público. Os sócios da varejista admitem participação e se comprometeram a devolver R$ 100 milhões a partir de outubro.
Imagem: redir.folha.com.br
Um advogado que teria intermediado a revenda dos créditos a outras empresas negocia um acordo de não persecução penal e, por enquanto, não foi acusado.
Silva Neto segue preso preventivamente. O MP-SP pediu a manutenção da custódia para, segundo o órgão, preservar a ordem pública e garantir a aplicação da lei.
Na Sefaz-SP, a Corregedoria da Fiscalização Tributária abriu nove processos disciplinares, afastou seis servidores e instaurou 22 apurações preliminares. Um grupo de trabalho revisa todos os pedidos de ressarcimento ligados às práticas investigadas.
As diligências fazem parte da Operação Ícaro, deflagrada em 12 de agosto. O Ministério Público informou que as apurações continuarão pelos próximos anos.
A defesa de Artur Gomes da Silva Neto não se pronunciou até a publicação desta reportagem. As defesas de Kimio Mizukami da Silva, Fátima Regina Rizzardi, Maria Herminia de Jesus Santa Clara e Francisco de Carvalho Neto não foram localizadas. A Fast Shop declarou anteriormente que colabora integralmente com as autoridades.