Washington, 24 set. – O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reforçou nesta terça-feira a necessidade de equilibrar os mandatos de estabilidade de preços e pleno emprego, poucos dias após o banco central reduzir a taxa básica em 0,25 ponto percentual.
Em discurso no almoço de perspectivas econômicas da Greater Providence Chamber of Commerce, em Rhode Island, Powell disse que o ritmo de expansão econômica se moderou. “A taxa de desemprego segue baixa, mas subiu ligeiramente. A criação de vagas desacelerou e os riscos para o emprego aumentaram”, afirmou. Ao mesmo tempo, acrescentou, a inflação avançou recentemente e continua “um pouco elevada”.
O dirigente avaliou ainda que, com a política comercial mais definida, as tarifas devem provocar apenas um efeito pontual nos preços, sinalizando leve mudança em relação a alertas anteriores sobre pressões inflacionárias mais persistentes no segundo semestre.
Vice-presidente do Fed, Michelle Bowman manifestou receio semelhante durante convenção da Kentucky Bankers Association, também nesta terça-feira. Segundo ela, a economia dos Estados Unidos tem mostrado resiliência, “mas o enfraquecimento das condições do mercado de trabalho e o crescimento mais suave são motivo de preocupação”.
Powell observou que não existe “caminho isento de riscos” para a política monetária, com inflação elevada de um lado e desemprego em alta do outro, indicando maior inclinação a priorizar o mandato de emprego. Na última reunião, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) cortou os juros pela primeira vez em nove meses. O presidente do Fed evitou comentar a chance de nova redução em outubro, mas o mercado aposta em novos cortes nos dois encontros finais de 2025.
Contratos futuros ligados à taxa básica apontam forte probabilidade de alívios adicionais em outubro e dezembro, de acordo com dados da CME Group.
O DBS Bank, de Cingapura, classificou a última reunião do Fed como “repleta de dissonâncias”, citando divergências entre as projeções dos formuladores de política e as declarações de Powell. Para o banco, autoridades preveem Produto Interno Bruto (PIB) mais robusto e desemprego mais baixo, ainda que reconheçam riscos negativos ao mercado de trabalho.
Imagem: Trader Iniciante 2 (13)
A expectativa de mais estímulos monetários apoiou ativos de risco em geral, mas o mercado de criptomoedas iniciou a semana sob pressão vendedora. A carta de análises The Kobeissi Letter destacou a divergência de desempenho entre o Bitcoin (BTC) e as ações. O analista conhecido como Heisenberg lembrou que, historicamente, esse distanciamento tende a se fechar, sugerindo recuperação rápida da criptomoeda em linha com a máxima histórica recente do Nasdaq.
Outros indicadores reforçam a possibilidade de correção limitada. Segundo a CoinShares, fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin receberam US$ 977 milhões em aportes na semana passada, elevando os ingressos líquidos do setor de criptoativos a US$ 1,9 bilhão.
Para o economista Timothy Peterson, a trajetória dos criptoativos pode ganhar força quando os investidores compreenderem a escala do atual ciclo de afrouxamento do Fed. Ele observa que nunca houve uma redução gradual de juros como a prevista e que qualquer sinal de flexibilização mais acelerada “poderia impulsionar Bitcoin e altcoins de forma substancial”.
Na semana passada, o FOMC cortou os juros em 0,25 ponto percentual, movimento amplamente antecipado pelos mercados.