O Mercado Livre Brasil passou a utilizar 125 robôs móveis autônomos para separar produtos em seus centros de distribuição, medida anunciada nesta quarta-feira (24). Os equipamentos são capazes de processar 105 mil itens por dia e reduzir em 25% o tempo necessário para consolidar pedidos com mais de um produto.
As máquinas, semelhantes a pequenos aspiradores robóticos, já eram empregadas para movimentar prateleiras, mas agora assumem uma função considerada mais complexa. Com a novidade, os clientes ganham uma hora extra para concluir compras com entrega no mesmo dia: o limite, antes fixado às 13h, passa para as 14h.
Segundo Fernando Yunes, vice-presidente sênior do grupo argentino e principal executivo da operação brasileira, a tendência é ampliar o uso de robôs em tarefas que exigem que um colaborador percorra, em média, oito quilômetros diariamente dentro dos armazéns. O executivo acredita que a automação ajudará o comércio eletrônico a aumentar sua participação nas vendas do varejo brasileiro de 14,7% para 21,5% até 2028.
Um estudo do Morgan Stanley citado por Yunes aponta participações de 30% na China e quase 26% nos Estados Unidos, evidenciando o potencial de crescimento no país. A partir de 2026, o executivo assumirá o recém-criado braço de marketplace do grupo; a área de envios ficará sob responsabilidade de Augustín Costa. Ambos se reportarão a Ariel Szarfsztejn, que sucederá o fundador Marcos Galperin na presidência do grupo.
A empresa prevê encerrar o ano com 50 mil funcionários no Brasil, após contratar mais de 12 mil pessoas em 12 meses. De acordo com Yunes, a automação não reduzirá vagas; a intenção é realocar profissionais para funções de maior valor agregado, como análise de dados, atividade essencial para otimizar o fluxo de encomendas. Até o fim do ano, a rede deve atingir 23 centros de distribuição.
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Luiz Vergueiro, diretor sênior de logística, afirma que o Mercado Livre monitora outras tecnologias, mas ainda não planeja adotar robôs humanoides. “Somos pragmáticos; há avanços possíveis dentro do orçamento atual”, declarou.
Desde junho, quando passou a exigir valor mínimo de R$ 19 para frete grátis, o marketplace informa ter ampliado participação no mercado. Yunes não revelou detalhes sobre a estratégia para a Black Friday, mas antecipou investimentos “de grande impacto” em campanhas promocionais.
A adoção de robôs reforça a aposta da companhia em agilizar entregas e sustentar o ritmo de crescimento do comércio eletrônico no país.