O plenário da Câmara dos Deputados vota nesta quarta-feira (1º) o projeto de lei que eleva para R$ 5.000 a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física. A análise ocorre sob forte disputa política em torno da fonte de compensação necessária para cobrir a perda estimada de R$ 31,2 bilhões em 2026.
Para equilibrar as contas, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs um imposto mínimo de 10% sobre contribuintes de alta renda. O alvo são 141 mil pessoas que hoje concentram parcela relevante dos rendimentos em itens isentos e pagam alíquota efetiva média de 2,5%, inferior à de categorias como policiais (9,8%) e professores (9,6%).
A criação desse tributo enfrenta resistência. Bancadas de oposição, como PL e Novo, já indicaram que apresentarão destaques para que o item seja votado separadamente, exigindo maioria simples dos presentes para ser mantido.
Relator da matéria, o deputado Arthur Lira (PP-AL) afirmou na terça-feira (30), após reunião com a Frente Parlamentar da Agropecuária, que a discussão sobre compensação será “transparente” no plenário. “Vamos ver se compensamos em 10% sobre todos ou se excepcionalizamos categorias como advogados, engenheiros e arquitetos”, disse.
Lira manteve, por ora, o parecer aprovado em comissão especial em julho, mas segue recebendo sugestões de parlamentares e setores da sociedade.
Enviado pelo Executivo há mais de seis meses, o texto teve regime de urgência aprovado em agosto. Caso seja chancelado pelos deputados, seguirá ao Senado. A equipe econômica defende votação ainda este ano para que o novo imposto mínimo tenha validade em 2026, obedecendo à regra de anterioridade anual do IR.
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Na versão original, o governo também propôs desconto no imposto para quem ganha até R$ 7.000. O relator ampliou o benefício para rendas mensais de até R$ 7.350. O custo fiscal adicional aumentou a pressão por receitas de compensação.
Deputados do centrão estudam fundir ao projeto trechos da Medida Provisória 1.303, editada em junho, que prevê taxação de títulos do agronegócio e do setor imobiliário hoje isentos, além de maiores alíquotas sobre casas de apostas eletrônicas e instituições financeiras. A equipe econômica, porém, rejeita a ideia, alegando que já conta com a arrecadação das duas iniciativas para fechar o orçamento de 2026.
Líderes de partidos contrários ao governo avaliam apresentar emenda para elevar a faixa de isenção a R$ 10 mil mensais, o que ampliaria a renúncia fiscal. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que a oposição “não tem moral” para propor a mudança, lembrando que a tabela não foi corrigida no governo anterior.
Concluída a votação na Câmara, o Planalto espera tramitação rápida no Senado. “Não deve demorar”, afirmou Gleisi.