O Sindicato dos Atores dos Estados Unidos (SAG-AFTRA) divulgou nesta terça-feira um comunicado condenando a utilização da personagem digital “Tilly Norwood”, produzida por inteligência artificial pela Particle6, por meio de sua divisão Xicoia.
A “atriz” foi apresentada em julho, em um esboço de comédia intitulado “AI Commissioner”. No último sábado, a fundadora da Particle6, Eline Van der Velden, exibiu o projeto no Festival de Cinema de Zurique e declarou que estúdios de Hollywood demonstram interesse em intérpretes gerados por computador. Ela também adiantou que uma agência deve passar a representar Tilly nos próximos meses.
Em reação às declarações, o SAG-AFTRA afirmou que a criatividade “deve permanecer centrada no ser humano” e se declarou contrário à substituição de artistas por figuras sintéticas.
“Tilly Norwood não é uma atriz, e sim um personagem criado por um programa treinado com o trabalho de inúmeros profissionais sem autorização ou remuneração”, diz a nota. O sindicato argumenta que produções desse tipo não possuem experiência de vida nem emoção e “colocam em risco os meios de subsistência dos intérpretes, desvalorizando a arte humana”. A entidade também lembrou que qualquer uso de performers digitais requer negociação prévia, conforme os contratos vigentes.
Imagem: Lindsay Kornick FOXBusiness via foxbusiness.com
No domingo, antes da publicação do comunicado, Van der Velden se manifestou no Instagram de Tilly. Ela afirmou que a personagem “não pretende substituir ninguém”, mas representa “uma nova ferramenta, como animação, marionetes ou CGI”, e acrescentou que, sendo atriz, considera insubstituível o trabalho humano diante das câmeras.
A presença de imagens geradas por IA em produções audiovisuais tem sido tema sensível na indústria do entretenimento. Medidas de proteção contra o uso indiscriminado da tecnologia estiveram entre os principais pontos de negociação na greve dos atores realizada em 2023.