O mercado financeiro japonês reagiu imediatamente à vitória de Sanae Takaichi. Eleita no sábado (data local) para assumir o cargo de primeira-ministra em 15 de outubro, a futura chefe de governo provocou uma alta de 4,75% no índice Nikkei nesta segunda-feira (25), que fechou em 47.734,04 pontos — o maior nível da história, de acordo com dados da TradingView.
Takaichi é vista como defensora de políticas pró-crescimento, que incluem manutenção de juros baixos, cortes de impostos e pacotes de estímulo de grande porte. Durante a campanha, foi a única candidata a combinar aumento de gastos públicos com afrouxamento monetário, postura bem-recebida por eleitores preocupados com a desvalorização do iene.
Ainda que não tenha se pronunciado recentemente sobre o Bitcoin (BTC), Takaichi demonstrou disposição favorável à inovação em criptoativos quando chefiou o Ministério de Assuntos Internos e Comunicações em 2019. Na época, apoiou a legalidade de doações em criptomoedas a políticos, argumentando que tais contribuições não se enquadravam nos mesmos requisitos de divulgação impostos a doações em dinheiro ou valores mobiliários pela Lei de Controle de Fundos Políticos do Japão.
O momento político japonês coincide com a primeira paralisação do governo dos Estados Unidos desde 2018, evento que levou investidores globais a procurar reservas de valor fora do dólar. Nesse cenário, o Bitcoin atingiu nova máxima histórica de US$ 125.700 no domingo (24), movimento atribuído por analistas a fatores macroeconômicos.
Para Charles d’Haussy, diretor-executivo da Fundação dYdX, a eleição de Takaichi pode estimular a demanda por ativos digitais no Japão. Segundo ele, a perspectiva de política monetária mais flexível impulsionou o BTC a um pico inédito frente ao iene e tende a favorecer regras mais claras para o setor.
Imagem: Trader Iniciante 2 (9)
Antes da eleição, órgãos reguladores vinham analisando medidas pró-cripto dentro da estratégia “Novo Capitalismo” do ex-primeiro-ministro Fumio Kishida. Em junho, a Agência de Serviços Financeiros (FSA) propôs classificar criptomoedas como produtos financeiros sob o guarda-chuva da Lei de Instrumentos Financeiros e Câmbio (FIEA), abrindo caminho para fundos negociados em bolsa (ETFs) de criptoativos e estabelecendo alíquota de 20% sobre rendimentos nesse mercado.
Com a chegada de Takaichi ao poder, agentes de mercado aguardam possíveis avanços nessas discussões, enquanto acompanham o comportamento do Nikkei e das principais criptomoedas nos próximos dias.