Paris — O estilista franco-belga Matthieu Blazy, 41, apresenta nesta Semana de Moda de Paris sua primeira coleção como diretor artístico da Chanel, seis meses após a saída repentina de Virginie Viard.
Anunciado em meados de dezembro, o novo comando foi celebrado pelo copresidente Alain Wertheimer e pela diretora-geral Leena Nair como “o trabalho de um dos criadores mais talentosos de sua geração”. Blazy chega à maison depois de liderar a Bottega Veneta, marca do grupo Kering.
Nascido em 27 de junho de 1984 em Paris, filho de um especialista em arte pré-colombiana e de uma etnóloga e historiadora da arte, Blazy estudou na escola La Cambre, em Bruxelas. Ainda aluno, foi descoberto por Raf Simons, que o contratou em 2007 para a linha masculina de sua marca homônima, onde conheceu Pieter Mulier, hoje diretor artístico da Alaïa.
Em 2011, transferiu-se para a Maison Martin Margiela e assumiu a coleção Artisanal, apresentada na Alta-Costura de Paris. Ali criou a máscara inteiriça cravejada de joias usada depois por Kanye West em turnês.
No ano de 2014, integrou a equipe da Celine ao lado de Phoebe Philo e ganhou destaque em artigo assinado pela crítica britânica Suzy Menkes, que apontava “o nascimento de uma estrela”. Dois anos mais tarde, seguiu para Nova York, onde atuou como diretor de design de prêt-à-porter na Calvin Klein, novamente sob o comando de Simons, até 2019.
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Blazy entrou na Bottega Veneta em 2020 como braço direito de Daniel Lee e o substituiu em 2021. No período, apresentou peças de trompe-l’œil, como jeans azuis confeccionados em couro flexível, e botas de saltos esculturais moldadas em peça única. O trabalho uniu inovação ao tradicional couro trançado da etiqueta e manteve a marca entre as poucas do grupo Kering com crescimento positivo.
À frente da grife fundada por Gabrielle Chanel, o estilista assume a missão de retomar o espírito da casa após os anos de Karl Lagerfeld e o breve comando de Viard. Para especialistas como Sophie Abriat, autora focada no setor de luxo, e Alix Morabito, diretora de compras das Galeries Lafayette, Blazy reúne olhar apurado, domínio de artesanato e paixão pela experimentação de materiais — qualidades vistas como fundamentais para o próximo capítulo da Chanel.
A estreia do criador na passarela parisiense indicará como esses atributos serão traduzidos no icônico tailleur de tweed, nas pérolas e nos códigos que definem a marca há mais de um século.