A fusão entre as redes de pet shops Petz e Cobasi, anunciada em abril do ano passado, provocou o rompimento de uma parceria filantrópica e acirrou a disputa no mercado de produtos e serviços para animais de estimação.
Em julho, três meses após a divulgação do negócio, o Instituto Caramelo encerrou a colaboração que mantinha com a Cobasi — na qual recebia doações de alimentos, materiais e apoio a ações sociais — e passou a ser patrocinado pela Petlove. Desde então, a ONG se posiciona publicamente contra a operação e conduz, na internet, a campanha “Não ao Monopólio Pet”.
No conselho consultivo do Instituto Caramelo está Marcio Waldma, fundador da Petlove, companhia que questiona a fusão no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A empresa alega risco elevado de concentração de mercado e possível restrição à concorrência.
A Superintendência-Geral do Cade aprovou a união sem restrições, mas o processo ainda será analisado pelo tribunal do órgão. Sob pressão da Petlove, o Cade marcou uma audiência pública para 17 deste mês, iniciativa considerada inédita durante a avaliação de uma fusão.
Procurado, o Instituto Caramelo declarou ser independente, “guiado unicamente pelo compromisso com o bem-estar animal e o interesse público”. Segundo a entidade, o rompimento com a Cobasi ocorreu devido ao anúncio da fusão e à “lamentável postura da empresa durante a tragédia no Rio Grande do Sul”, quando quase 200 animais morreram em uma loja alagada.
Imagem: redir.folha.com.br
A ONG afirma que o negócio pode resultar em concentração superior a 100% em algumas regiões, conforme estudo da Ferres Consultoria anexado ao processo do Cade. Nas redes sociais, onde soma 1,3 milhão de seguidores, o instituto alerta para possível alta de preços em rações, vacinas, produtos e serviços veterinários, além de prever “uma nova era de abandonos em massa de cães e gatos”.
O abaixo-assinado lançado pela entidade já reuniu mais de 15 mil adesões. A ONG também cobra a presença de Petz e Cobasi na audiência do Cade, lembrando que as duas companhias não compareceram a debate semelhante realizado no Congresso Nacional.