Centros de compras tradicionais nos Estados Unidos estão sendo convertidos em empreendimentos de uso misto com unidades residenciais, estratégia que reforça a oferta de moradias em um mercado marcado por escassez.
Relatório recente do portal imobiliário Realtor.com aponta que espaços subutilizados ou vazios em antigos shoppings têm sido transformados em apartamentos, aproveitando a infraestrutura já implantada. A analista econômica sênior Hannah Jones considera a iniciativa “uma solução que beneficia proprietários e pessoas em busca de casa”, ao reduzir o tempo necessário para colocar novos imóveis no mercado.
Apesar do avanço, a mudança esbarra em regras locais de zoneamento, que determinam se um terreno pode receber usos comerciais ou residenciais. Segundo a economista-chefe da Redfin, Daryl Fairweather, alterações nesses regulamentos costumam enfrentar resistência de moradores preocupados com aumento de tráfego ou perfil dos novos ocupantes.
Além disso, muitos edifícios de shopping não foram projetados para uso habitacional. Jones ressalta que as adaptações estruturais podem ser tão caras que, em vários casos, a demolição completa e a construção do zero se mostram mais viáveis. O encarecimento de mão de obra e materiais, portanto, tende a elevar o preço final das unidades e limitar o ganho de acessibilidade.
Embora crescente, a prática concentra-se em regiões onde a falta de moradias é mais aguda, como Nova Jersey e Flórida. O CEO da Prominent Properties Sotheby’s International Realty, Charlie Oppler, observa que os shoppings frequentados entre as décadas de 1980 e 2000 estão dando lugar a complexos com restaurantes, cinemas, lojas de alto padrão e residências.
Imagem: Daniella Genovese FOXBusiness via foxbusiness.com
Caso emblemático, o Riverside Square, em Hackensack (Nova Jersey), vendeu parte de seu terreno para a construção de um conjunto de apartamentos. O local hoje abriga mais de 15 restaurantes e algumas das lojas mais sofisticadas do país, exemplificando o modelo de uso misto.
Para Oppler, estacionamentos e áreas excedentes de muitos shoppings devem receber imóveis para venda ou locação. Ele prevê que, nos próximos 20 a 30 anos, diversos centros comerciais antigos serão derrubados à medida que as taxas de vacância aumentem, abrindo espaço para habitação e, em alguns casos, integração com polos de transporte.
Especialistas reforçam que as conversões não resolvem por completo o problema da moradia acessível, mas representam uma alternativa criativa para aumentar a oferta em mercados pressionados.