São Paulo – A rápida desvalorização do barril de petróleo para cerca de US$ 65 acende sinal de alerta para o orçamento público e a balança de pagamentos do Brasil, avaliou Caio Megale, economista-chefe da XP, em entrevista ao podcast Outliers, do InfoMoney.
Segundo Megale, a redução do preço da commodity, que chegou a superar US$ 130 durante o auge do conflito na Ucrânia, diminui receitas de royalties, concessões e tributos pagos pela Petrobras (PETR3; PETR4). “Quando o petróleo recua, o país arrecada menos e o déficit externo tende a aumentar”, explicou.
O economista destacou que o movimento tem consequências distintas para a economia. De um lado, ajuda a conter a inflação global e reduz custos de produção; de outro, pressiona a execução orçamentária de 2024. Ele lembrou que o Brasil ganhou importância no mercado internacional após as descobertas do pré-sal, o que amplifica o impacto da volatilidade dos preços.
Megale também comentou recentes acontecimentos internacionais, como o cessar-fogo entre Israel e Hamas e o início de uma reaproximação entre Estados Unidos e China. Para ele, o principal reflexo imediato desses eventos recai sobre os preços das commodities, especialmente o petróleo.
Sobre a política comercial norte-americana, o economista observou que a elevação média das tarifas sobre produtos chineses de 2% para aproximadamente 10% gerou “mais barulho e volatilidade do que impacto macroeconômico efetivo”, já que as importações vindas da China estão em queda. Mesmo assim, considera o tema um risco relevante, capaz de pressionar custos e a inflação.
Imagem: infomoney.com.br
Megale apontou que intervenções de governos populistas nos bancos centrais representam um perigo mais sério do que as tarifas. Se pressões políticas resultarem em cortes de juros forçados, a credibilidade das autoridades monetárias pode ser abalada, elevando a instabilidade global.
Ele acrescentou que eventuais reduções na taxa básica pelo Federal Reserve, motivadas pela desaceleração do mercado de trabalho dos Estados Unidos, buscam prevenir uma recessão. O mercado, entretanto, deve acompanhar mudanças estruturais no emprego e políticas de imigração.
A entrevista foi conduzida por Clara Sodré e Fabiano Cintra na edição mais recente do podcast.