Os fabricantes de baterias devem acelerar a migração para tecnologias sem cobalto caso o preço do metal continue subindo, afirmou Kenny Ives, diretor comercial da CMOC, maior produtora mundial do insumo, em entrevista concedida a jornalistas da Bloomberg em Londres.
“A cotação chegou ao limite que o mercado suporta antes de ser obrigado a buscar alternativas”, declarou o executivo.
A República Democrática do Congo, responsável por cerca de 75% da oferta global, impôs um embargo de oito meses às vendas externas de cobalto em fevereiro de 2025. A medida, adotada após o preço de referência cair abaixo de US$ 10 por libra — menor nível em 21 anos, excetuado um curto recuo em 2015 —, será substituída por cotas rigorosas ainda nesta semana.
Segundo o governo congolês, as mineradoras poderão exportar pouco mais de 18 mil toneladas de cobalto no restante de 2025 e até 96,6 mil toneladas em cada um dos anos de 2026 e 2027, volumes que representam menos da metade da produção do país no ano passado.
Desde a suspensão anunciada em fevereiro, o preço do cobalto dobrou e o hidróxido de cobalto — principal produto exportado pelo Congo — triplicou. Mesmo assim, as cotações permanecem abaixo de 50% dos picos registrados em 2018 e 2022.
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A CMOC poderá embarcar, em 2025, apenas 27% das 114 mil toneladas produzidas em 2024 nas duas minas que mantém no Congo. Apesar da restrição, a empresa chinesa planeja elevar a produção de cobre nesses projetos para 700 mil toneladas em 2025, alta de quase 8% ante o ano anterior. Como o cobalto é extraído junto com o cobre, o aumento tende a gerar oferta adicional do metal.
Ives disse acreditar que as autoridades congolesas “reavaliarão a cota de forma semirregular ou regular”. Para ele, se houver falta de cobalto, a indústria adotará rapidamente outras composições químicas. Na China, maior mercado mundial de veículos elétricos, a maioria das montadoras já utiliza baterias de lítio-ferro-fosfato (LFP), que dispensam cobalto.
O executivo lembrou que o mercado de cobalto estava “saturado” quando o embargo foi decretado, não apenas pelo aumento da produção da CMOC, mas também por vários anos de demanda reduzida.