Levantamentos recentes indicam que, apesar da diversidade teológica, regional e de classe, o eleitorado evangélico apresentou alto grau de coesão nas duas últimas eleições presidenciais.
O Estudo Eleitoral Brasileiro de 2022 e pesquisas do Datafolha mostram que cerca de 66% dos evangélicos optaram por Jair Bolsonaro tanto em 2018 quanto em 2022. O índice supera o registrado entre católicos e pessoas sem religião.
Pesquisa da organização More in Common, em parceria com a Quaest, reforça o padrão de votos conservadores. O estudo mapeou dois grupos ideológicos com elevada presença evangélica:
Ambos os segmentos se concentram em pautas ligadas a família, gênero e sexualidade, temas que funcionam como marcadores identitários e orientam a decisão eleitoral.
De acordo com os estudos citados, igrejas, grupos comunitários e canais digitais mantêm uma identidade política latente que se intensifica quando lideranças religiosas convocam o voto ou quando pautas morais dominam o debate público. Em disputas centradas na economia, essa coesão tende a se dispersar, mas permanece disponível para ser reativada.
Imagem: redir.folha.com.br
Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que congregações evangélicas funcionam também como redes de apoio material e inserção profissional, especialmente para mulheres e pessoas negras. O levantamento aponta que demandas por emprego, segurança e dignidade convivem com as pautas morais.
O projeto Os Invisíveis, realizado pela More in Common e pela Quaest, indica ainda que mais da metade da população — incluindo muitos evangélicos — se encontra em segmentos pouco engajados e distantes dos extremos ideológicos, priorizando questões práticas do cotidiano.
Os estudos concluem que temas como emprego, creche, segurança e saúde continuam a influenciar a decisão de voto, embora pautas morais mantenham papel relevante na definição de preferências eleitorais entre evangélicos.