O assessor de investimentos Michael Viriato, sócio fundador da Casa do Investidor, afirmou que muitos brasileiros ainda constroem seus portfólios sem qualquer planejamento definido. Em coluna publicada em outubro de 2025 no blog “De Grão em Grão”, da Folha de S.Paulo, o especialista comparou a prática a erguer uma casa comprando “tijolos aleatórios”, sem projeto ou fundamento.
Segundo Viriato, dois equívocos predominam:
1. Construção de baixo para cima: investidores iniciam a carteira adquirindo ativos isolados — indicados por amigos, analistas ou notícias — antes de estabelecer metas claras de retorno, tolerância a risco, necessidade de liquidez e prazo de investimento. O resultado, explica, costuma ser um conjunto mais arriscado do que o esperado, com rentabilidade inferior à de opções simples de renda fixa.
2. Foco excessivo no curto prazo: ao avaliar somente o desempenho recente, muitos vendem posições que caíram e reforçam as que subiram, aumentando a exposição a riscos concentrados. Para o assessor, analisar ativos individualmente distorce a percepção do perigo real, que está no comportamento agregado da carteira.
Viriato defende que o investidor primeiro defina:
Imagem: redir.folha.com.br
Somente depois, argumenta, devem ser escolhidas as classes de ativos que melhor se ajustam a esses objetivos, como renda fixa pós-fixada, prefixada, atrelada à inflação, ações nacionais e internacionais, multimercados, imóveis e alternativas. Ele ressalta que não é obrigatório possuir posições em todos os blocos; a composição precisa refletir prioridades individuais.
Concluída a divisão por classe, a seleção de produtos específicos deve considerar prazos, liquidez, perfil de risco e retorno líquido. Para o especialista, investir não significa acumular papéis diversos, mas desenhar uma estrutura capaz de atravessar ciclos econômicos sem comprometer o plano original.