Declarações na ONU reacendem debate sobre demanda global de petróleo em queda, aponta análise

Mercado Financeiro21 minutos atrás6 pontos de vista

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O pronunciamento do presidente dos Estados Unidos na última Assembleia-Geral da ONU, que descreveu a mudança climática como “a maior fraude já imposta ao mundo” e chamou as fontes renováveis de energia de “piada”, foi citado por especialistas como exemplo de resistência diante de uma possível virada estrutural no mercado global de petróleo.

Pronunciamento com ataques a renováveis

No discurso, o chefe de Estado norte-americano afirmou que, “antigamente era o resfriamento global, depois aquecimento global, agora chamam de mudança climática, porque assim não há como errar”. Ele também declarou: “Eu chamo de carvão limpo e belo” e acrescentou que seu governo “está acabando com o que chamam falsamente de renováveis”, defendendo que essas fontes “são caras e ineficientes”. Ao encerrar o tema, ofereceu “suprimentos abundantes e acessíveis de energia” — em referência a petróleo e gás — a países que “precisam” desse tipo de combustível.

China puxa transição energética

Em artigo recente, o cientista político Ian Bremmer, fundador da consultoria Eurasia Group, listou dados indicando que a demanda global por petróleo pode ter atingido o pico:

  • Arrefecimento da procura chinesa: o crescimento do consumo de petróleo na China, que dobrou entre 2010 e 2020, perdeu força. A redução populacional em 25 milhões de pessoas desde a pandemia, a desaceleração econômica e o avanço da transição energética explicam a tendência.
  • Expansão dos elétricos: a participação dos carros elétricos sobre as vendas de veículos novos no país saltou de 5% para 50% em cinco anos. No mesmo período, o aquecimento residencial e a indústria pesada passaram a usar mais eletricidade, impulsionados pela instalação de 270 gigawatts de capacidade renovável em apenas seis meses — volume superior ao dobro do resto do mundo somado.
  • Limites de compensação: segundo Bremmer, o crescimento indiano, sustentado em serviços e já voltado a veículos elétricos, não deverá compensar a queda chinesa. Nos países em desenvolvimento, o acesso a painéis solares, baterias e veículos elétricos fabricados pela China pode permitir que essas nações avancem sem reproduzir a fase de alta dependência de combustíveis fósseis.
  • Queda estrutural: a demanda chinesa por petróleo, de acordo com o analista político, provavelmente já chegou ao auge e tende a declinar, movimento semelhante ao observado na Europa e nos Estados Unidos, onde a intensidade do uso do petróleo já diminui.
  • Implicações geopolíticas: a China ganharia vantagem estratégica ao liderar a transição energética, enquanto os EUA, ao reforçarem a posição de “petroestado”, correm o risco de perder competitividade e influência internacional.

Opep reage com aumento de oferta

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) sinalizou reconhecer o cenário de menor procura ao promover elevação de produção para defender participação de mercado, contrariando a prática histórica de restringir oferta para sustentar preços.

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Imagem: redir.folha.com.br

Risco para novos projetos de exploração

Analistas alertam que empreendimentos de exploração iniciados agora — cujos resultados comerciais levariam 12 a 15 anos para chegar ao mercado — podem enfrentar superoferta e preços deprimidos se a demanda global continuar em queda.

A discussão sobre a trajetória futura do petróleo ocorre em meio a fortes pressões políticas. Enquanto a Casa Branca insiste em ampliar a produção de combustíveis fósseis, especialistas veem a transição energética acelerar, especialmente na Ásia. O contraste foi exposto na ONU, quando o presidente norte-americano defendeu o carvão e criticou as fontes renováveis diante de um cenário em que dados apontam redução estrutural do consumo de petróleo no mundo.

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